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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jornal inglês ataca Maracanã e vê Brasil "amaldiçoado por corrupção"

Justiça suspendeu amistoso de domingo,
 marcado para o Maracanã. Foto: Terra
O risco de suspensão do amistoso Brasil x Inglaterra, marcado para a tarde de domingo, foi bastante criticado pelo jornal inglês The Guardian. Em artigo publicado nesta quinta-feira em seu site, o diário não teve pudor de criticar os gastos e os atrasos nas obras para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, citando que o País convive com uma das piores corrupções e burocracias do planeta.
O jogo entre Brasil e Inglaterra havia sido suspenso pela Justiça na tarde desta quinta, após concessão de liminar da juíza Adriana Costa dos Santos, da 13ª Vara de Fazenda da Capital. A magistrada acatou o pedido feito pelo Ministério Público, que salientava o fato de o Maracanã não oferecer segurança para os torcedores que forem ao estádio. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o governo do Rio de Janeiro recorreram da decisão e a juíza revogou a liminar.
No entanto, o The Guardian não economizou nas críticas. "O País está humilhado e frustrado com os gastos excessivos e os atrasos que atormentam a realização da Copa de 2014", mencionou o jornal, relembrando que o Maracanã passou três anos em reformas, que custaram cerca de R$ 1 bilhão.

saiba mais
Justiça revoga liminar e libera Maracanã para Brasil x Inglaterra
Maracanã inicia semana de reabertura com área externa ainda em obras
"O Maracanã passou por luxuosas reformas, sugando quase R$ 2 bilhões dos cofres públicos e passando a impressão de que a nação abençoada com o mais vitorioso futebol está também amaldiçoada por uma das piores corrupções e burocracias", atacou o Guardian. Vale lembrar que o estádio carioca também passou por obras para receber os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007 – há seis anos, foram gastos cerca de R$ 300 milhões (valor da época, sem levar em consideração a inflação do período).

O jornal inglês ainda ressalta o fato de o Maracanã ter sido reinaugurado há apenas um mês, sendo que o prazo inicial era de que os reparos fossem concluídos em dezembro do ano passado. Na verdade, embora já tenha sido reaberto, o estádio sequer está 100% concluído e voltará a entrar em obras ao final da Copa das Confederações.

"Os problemas com o Maracanã são sintomas de uma causa mais ampla da preocupação sobre a realização da Copa no Brasil", cita o Guardian, que lembrou, ao longo do artigo, problemas e divergências que aconteceram em outras sedes para o torneio do ano que vem, como Salvador, Porto Alegre e São Paulo.

Fonte: Terra

Copa das Confederações: o que pode e o que não pode


Faleceu hoje Reinaldo Carcanholo

Faleceu hoje mais um grande intelectual, estudioso da crítica da economia política de Karl Marx e lutador por uma sociedade diferente desta que aí está: Reinaldo Carcanholo, professor da Universidade Federal do Espírito Santo. Reinaldo sempre foi, ademais de competente pesquisador, um marxista militante. Nestes sombrios tempos de deserção e acomodação nos meios acadêmicos, Reinaldo procurou sempre colocar sua inteligência a serviço dos que lutam pela radical transformação da ordem capitalista. Ciente da necessidade do conehcimento teórico para a práxis revolucionária, disponibilizou seu acervo on line para livre acesso (clique aqui para acessar).
Trata-se de uma grande perda para os socialistas e para a academia a doravante ausência da figura humana – generosa e íntegra, moral e politicamente – que foi REINALDO CARCANHOLO.

    
Com informações de Caio Toledo e Lívia Moraes.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Direito à saúde e Governo Dilma: nada a ver - o caso dos médicos cubanos

“A vinda de médicos cubanos para trabalhar em áreas de difícil fixação tem valor. No entanto, como na maior parte das políticas sociais dos governos petistas, uma fachada “progressista” procura encobrir os retrocessos tremendos. Ao acenar com a possibilidade de amainar as carências históricas do povo brasileiro no acesso a serviços de saúde em uma conjuntura de ataques frontais ao SUS, o governo Dilma combina demagogia com privatização.”

por Felipe Monte Cardoso,
Bruna Ballarotti,
Felipe Corneau
 e Bernado Pilloto*
24 de Maio 2013,
Correio da Cidadania

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“Os aspectos positivos desta suposta medida não devem aparentar ser mais importantes do que de fato são. A extrema concentração de médicos no setor privado cresce sem controle. Para piorar, o governo Dilma empreende ataques organizados aos marcos constitucionais do SUS e está colocando em risco a noção de direito à saúde construída pela Reforma Sanitária.”
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Há cerca de um mês, a imprensa repercute notícias sobre medidas para facilitar a contratação de médicos estrangeiros para áreas de difícil fixação destes profissionais (como no interior do país). A medida mais polêmica diz respeito à iniciativa de contratar cerca de 6 mil médicos vindos de Cuba. Há dois tipos de reação mais comuns: os tradicionais donos do Brasil destilam argumentos reacionários e preconceituosos contra a proposta. No outro pólo, o governismo acrítico acredita que, finalmente, a presidenta encontrou a salvação definitiva para o problema. O Setorial de Saúde do Partido Socialismo e Liberdade quer discutir os possíveis desdobramentos deste pequeno e insuficiente avanço numa conjuntura de enormes ataques do governo Dilma ao SUS.
A existência de médicos estrangeiros não é incomum em outros países. Nos EUA, 27% do total de médicos atuantes são formados no exterior; no Reino Unido, 37%; quase metade dos residentes em Medicina de Família e Comunidade na Espanha é de fora da União Europeia. E o problema persiste: de acordo com a Association of American Medical Colleges, os EUA terão 63 mil médicos a menos do que precisam, em 2015, e são acusados de “roubar” médicos dos países pobres. Ainda assim, os EUA têm 2,4 médicos por mil habitantes, nível comparável ao de Reino Unido (2,7) e menor que o da Espanha (4). Cuba tem o melhor índice: 6,7. Em nosso país, a força de trabalho médica ainda é um luxo (1,8 médicos por mil habitantes), se comparado àqueles (dados do Banco Mundial).
O Brasil é um país em que as diferenças entre classes ricas e classes pobres, estados ricos e estados pobres e entre cidades do interior e grandes cidades, são gritantes. Estas diferenças se expressam, por exemplo, na renda familiar, no consumo de alimentos saudáveis, no acesso à educação de qualidade, no tempo gasto para ir e voltar do trabalho e na existência de rede de esgoto. Os problemas de acesso a profissionais de saúde (o caso mais grave é dos médicos) e a medicamentos são uma expressão do país segregado em que vivemos. Como a situação de saúde do povo brasileiro é determinada por todos estes fatores, sabemos que apenas transformações profundas poderiam mudar radicalmente o cenário. Não é o que acontece no Brasil de hoje
Mesmo assim, uma medida que conseguisse paliar este problema seria digna de elogio. No entanto, o governo até o momento não fez nenhum anúncio oficial, como, de resto, tem sido sua prática: negociar as grandes questões nacionais por debaixo dos panos, sem debate público. Exemplo é a proposta de mais isenções aos empresários da saúde.
Supondo que os rumores sejam verdade e que o governo Dilma resolva se contrapor ao conservadorismo das corporações médicas, seria de se apoiar a contratação de médicos formados em Cuba pelas seguintes razões: em primeiro lugar, pela qualidade da formação dos médicos, que desde o começo do curso estagiam em unidades de Saúde da Família e sabem que a saúde não é apenas prescrição de medicamentos ou realização de exames, mas embasam sua prática clínica na noção de que a vida social é que determina as condições de saúde de uma população. Por isso, são profissionais que, mais que curarem diarreia ou prescreverem remédios para hipertensão, trabalham na perspectiva do cuidado integral à saúde: tratamento, prevenção, reabilitação, promoção.
Em segundo lugar, o Brasil precisa beber desta vasta experiência. Cuba, mesmo sendo um país pobre, tem expectativa de vida, mortalidade infantil, mortalidade materna, e muitos outros indicadores melhores que os nossos e que o resto da América Latina, segundo a Organização Panamericana de Saúde. Em artigo recente publicado no “New England Journal of Medicine”, um dos mais importantes periódicos médicos no mundo, o sistema cubano foi bastante elogiado conforme lembrou o médico Pedro Saraiva. Apenas a idiotia incurável da revista “Veja” é capaz de condenar os sensacionais avanços da saúde cubana desde o triunfo da revolução. Se considerarmos então o histórico de solidariedade internacional por parte de Cuba, e a atuação desses médicos em mais de 70 países, por mais de quatro décadas (frequentemente nas condições mais adversas), a virulência dos ataques fica ainda mais despropositada. Sendo assim, é de enorme irresponsabilidade condenar o alívio que seria para milhares de municípios, vilas, lugarejos, aldeias ou ribeiras, poder contar, muitos pela primeira vez, com profissionais médicos bem formados.
No entanto, os aspectos positivos desta suposta medida não devem aparentar ser mais importantes do que de fato são. A extrema concentração de médicos no setor privado cresce sem controle. De acordo com estudo do CFM publicado em 2011, há quatro vezes mais médicos no setor privado que no público, e entre 2002 e 2009 a diferença cresceu. Para piorar, o governo Dilma empreende ataques organizados aos marcos constitucionais do SUS e está colocando em risco a noção de direito à saúde construída pela Reforma Sanitária.
Assim, a escassez absoluta e relativa (referente às desigualdades regionais e entre o SUS e a saúde privada) da força de trabalho médica tende a crescer com o avanço da privatização feita pelo governo federal. Assim, a chegada dos médicos estrangeiros não apenas não irá resolver o problema, como ocorrerá em vigência de outro retrocesso político de Dilma: o sucateamento da Atenção Primária à Saúde (APS).
Todos os países com sistemas universais de saúde (como Cuba, Reino Unido, Espanha, Canadá, Portugal) centram sua organização na APS, que utiliza médicos generalistas. O governo Dilma rema no sentido contrário: investe em Unidades de Pronto-Atendimento, centra esforços em parte de cuidados especializados, medidas importantes, mas quando tomadas de forma isolada prejudicam o atendimento à saúde. Para piorar, suas “soluções de emergência” para o problema da APS, como o PROVAB, redundaram em estrondoso fracasso: muitos médicos desistem de trabalhar nas equipes de áreas mais carentes e distantes, pela absoluta falta de estrutura e apoio prometidos pelo Ministério da Saúde. A falta de médicos generalistas,  mais grave nas periferias, estados pobres e cidades pequenas, continua gritante.
Neste cenário, a precariedade é regra: cerca de 70% da força de trabalho do SUS trabalha sob contratos precários, sem garantia de recebimento de salários e direitos. E aqui reside outro problema que não tem solução pela vinda dos médicos estrangeiros: as deficiências da política brasileira de saúde ocorrem pela carência de todos os tipos de profissionais de saúde (não apenas médicos) no sistema público de saúde – caso curioso de perversidade à brasileira, já que há milhares de psicólogos, enfermeiras, fisioterapeutas, entre outros, desempregados.
Além disso, a contrarreforma universitária iniciada por FHC e continuada por Lula e Dilma deixou a formação da força de trabalho médica nas mãos dos empresários da saúde. Isto desvirtua o processo de formação de profissionais, que deveria ser na lógica do direito à saúde, passando a se dar nos marcos da ultramercantilização dos direitos sociais dos últimos anos. Esta tendência os médicos cubanos não têm capacidade de reverter.
Por fim, a suposta proposta do governo não muda a enorme desigualdade na distribuição de médicos em áreas chave como urgência/emergência ou cuidados especializados e de alta complexidade no SUS. Do contrário, as políticas de Dilma têm acentuado o caráter privatizado destes setores, que continuarão como gargalos no acesso aos serviços de saúde por parte da maioria do povo brasileiro.
Em suma, a vinda de médicos cubanos para trabalhar em áreas de difícil fixação tem valor. No entanto, como na maior parte das políticas sociais dos governos petistas, uma fachada “progressista” procura encobrir os retrocessos tremendos. Ao acenar com a possibilidade de amainar as carências históricas do povo brasileiro no acesso a serviços de saúde em uma conjuntura de ataques frontais ao SUS, o governo Dilma combina demagogia com privatização e quer convencer de que isto ajudaria na construção do direito à saúde.
A falta completa de perspectiva de uma política universalista de saúde no curto, médio e longo prazo atesta o profundo distanciamento deste governo com os movimentos que, no passado e no presente, sonharam e sonham com uma totalidade de mudanças em direção à emancipação do povo brasileiro.
A história de Cuba mostra que nas sociedades periféricas e de origem colonial, o protagonismo do povo foi decisivo para derrotar os interesses do imperialismo e dos negócios e privilégios nativos, inclusive no caso da saúde. No Brasil do lulismo, o paradigma da “inclusão via mercado” faz parte de uma conta que não fecha. O profundo mal-estar que experimenta o nosso povo no que tange a saúde é apenas uma faceta da bomba-relógio que os neoprivatistas ajudaram a armar. Que não será desmontada com a vinda de valorosos e valorosas colegas cubanos e cubanas.
***
*Felipe Monte Cardoso, Bruna Ballarotti e Felipe Corneau são médicos. Bernado Pilloto é técnico administrativo em educação, e são membros do Setorial de Saúde do Partido Socialismo e Liberdade.

Desde 500 anos, o capital continua matando índios

Este é Oziel Gabriel assassinado hoje por policiais na tentativa de reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, em Mato Grosso do Sul. O tiro covarde que matou Oziel atingiu a parte interior de seu abdômen, transpassou o fígado e saiu pelas costas. Oziel era estudante do Ensino Médio e pai de dois filhos, de 15 e 18 anos. A terra pela qual lutava está ocupada pela fazenda do truculento político/ruralista Ricardo Bacha ex-deputado estadual pelo PSDB e ex-candidato a governador. O Povo Terena exige as terras de volta e justiça pela morte de seu guerreiro Oziel.

Irretocável depoimento de Dulce Pandolfi à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro

Depoimento em 28 de maio de 2013 na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).

Por acreditar que no Brasil de hoje a busca pelo “direito à verdade e à memória” é condição essencial para nos libertarmos de um passado que não podemos esquecer, aceitei o convite da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro para fazer hoje, aqui, esse depoimento. Mesmo sem nenhum mandato, quero falar em nome dos presos, torturados, assassinados e desaparecidos pela ditadura militar que vigorou no nosso país entre 1964 e 1985.
Como historiadora, sei que a memória não diz respeito apenas ao passado. Ela é presente e é futuro. Os testemunhos que estão sendo dados à Comissão da Verdade, embora sobre o passado, dizem respeito ao presente e apontam para o futuro, por isto mesmo espero que ajudem a construir um Brasil mais justo e solidário. Sei também que da memória – sempre seletiva –, fazem parte o silêncio e o esquecimento. Por isso, nessas minhas fortes lembranças, permeadas por ruídos, odores, cores e dores, estarão presentes ausências e esquecimentos.
Nascida e criada em Recife, fiz parte de uma geração que sonhou e lutou muito. Queríamos romper com as tradições, acabar com a miséria e com as injustiças sociais, reformar a universidade, derrubar a ditadura, enfim, queríamos transformar o Brasil e o mundo.
Em 1968, um ano marcado por muitas paixões e fortes embates políticos e ideológicos, eu, cursando o segundo ano de Ciências Sociais, fui eleita secretária geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco, DCE, entidade que congregava todos os estudantes daquela universidade. Naquele ano o movimento estudantil explodiu por toda parte. No Brasil, depois da famosa Passeata dos Cem Mil, realizada aqui no Rio de Janeiro e que tentamos replicar nas diversas capitais do país, o ano terminou com a decretação do Ato Institucional n. 5. A partir daí, as prisões, as mortes e as torturas, iniciadas em 1964, aumentaram. A radicalização do regime, para muitos de nós, justificava a continuidade da nossa luta. Foi também em 1968 que ingressei em uma organização de esquerda armada, a Ação Libertadora Nacional, ALN.
No início de 1970, perseguida pelos órgãos da repressão, fugi do Recife e vim para o Rio de Janeiro. Poucos meses depois, fui presa.
Naquela noite do dia 20 de agosto de 1970, no momento em que entrei no quartel da Polícia do Exército situado na Rua Barão de Mesquita número 425, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, ouvi uma frase que até hoje ecoa forte nos meus ouvidos: “Aqui não existe Deus, nem Pátria, nem Família. Só existe nós e você.” Hoje, passados mais de 40 anos, penso no efeito que aquela frase produziu em mim. Com vinte e um anos de idade, cheia das certezas e transbordando de paixões, eu não queria morrer. Embora totalmente acuada e literalmente apavorada, aquela frase não deixava a menor dúvida para algo que eu já sabia, mas que naquele momento ganhou força e concretude. Não havia comunicação ou negociação possível entre aqueles dois mundos: o meu e o deles.
Era naquele quartel que funcionava o DOI CODI. O prédio tinha dois andares. Diferentemente do que muitos dizem, aquele lugar não era um “porão da ditadura”, um local clandestino. Embora ali não existisse “nem Deus, nem pátria, nem família”, eu estava em uma dependência oficial do Exército brasileiro. Uma instituição que funcionava a todo vapor, com todos os seus rituais, seus símbolos, seus hinos, sua rotina. Ali fiquei mais de três meses.
No andar térreo tinha a sala de tortura, com as paredes pintadas de roxo e devidamente equipada, outras salas de interrogatório com material de escritório, essas às vezes usadas, também, para torturar, e algumas celas mínimas, chamadas solitárias, imundas, onde não havia nem colchão. Nos intervalos das sessões de tortura, os presos eram jogados ali. No segundo andar do prédio havia algumas celas pequenas e duas bem maiores, essas com banheiro e diversas camas beliches. Foi numa dessas celas que passei a maior parte do tempo.
Normalmente os torturadores, embora quase todos militares, andavam à paisana. Os fardados cobriam com um esparadrapo o nome que estava gravado em um dos bolsos do uniforme. Cabia aos cabos e soldados cuidar da infraestrutura. Eram eles que fechavam e abriam as celas, nos levavam para os interrogatórios, ou melhor, para as sessões de tortura, faziam a ronda noturna, levavam as nossas refeições. Ali não havia banho de sol, visita familiar, conversa com advogado. Nenhum contato com o mundo lá de fora. Naquela fase éramos presos clandestinos. Só saíamos das celas para os interrogatórios, de olhos vendados, sempre com um capuz preto na cabeça. Quase todos os que faziam o trabalho de infraestrutura incorporavam o ambiente da tortura.  Mas havia algumas exceções. Um dos soldados, por exemplo, me deu um pedaço de papel e uma caneta para eu escrever uma carta para meus pais. E, de fato, a carta chegou ao destino.
Durante os mais de três meses que fiquei no DOI CODI fui submetida, em diversos momentos, a diversos tipos de tortura. Umas mais simples, como socos e pontapés. Outras mais grotescas como ter um jacaré, andando sobre o meu corpo nu. Recebi muito choque elétrico e fiquei muito tempo pendurada no chamado “pau de arara”: os pés e os pulsos amarrados em uma barra de ferro e a barra de ferro, colocada no alto, numa espécie de cavalete. Um dos requintes era nos pendurar no pau de arara, jogar água gelada e ficar dando choque elétrico nas diversas partes do corpo molhado. Parecia que o contato da água com o ferro potencializava a descarga elétrica. Embora essa tenha sido a tortura mais frequente havia uma alternância de técnicas. Uma delas, por exemplo, era o que eles chamavam de “afogamento”. Amarrada numa cadeira, de olhos vedados, tentavam me sufocar, com um pano ou algodão umedecido com algo com um cheiro muito forte, que parecia ser amônia.
De um modo geral, para os presos, a barra mais pesada ocorria nas primeiras 24 horas após a prisão. Era a corrida contra o tempo: para eles e para nós. Durante essas primeiras horas, duas eram as perguntas básicas: ponto e aparelho. Ponto era o local, na rua, onde os militantes se encontravam e aparelho era o local de moradia ou de reunião.
Não sei quanto tempo durou a minha primeira sessão. Só sei que ela acabou quando eu cheguei ao limite. Muito machucada, e sem conseguir me locomover, ouvi, ao longe, um bate boca entre os torturadores se eu deveria ou não ser levada para o Hospital Central do Exército. A minha prisão, consequência de um contato familiar, tinha muita testemunha. Ou seja, muitos familiares, que nada tinham a ver com a minha militância foram presos e levados para o DOI CODI. Sobre essas prisões nada ficou documentado.
Quando eu passei a correr risco de vida, montaram uma pequena enfermaria em uma das celas do segundo andar. Ali fui medicada, ali fiquei tomando soro. Meu corpo parecia um hematoma só. Por conta, sobretudo, da grande quantidade de choque elétrico, fiquei com o corpo parcialmente paralisado. Achava que tinha ficado paralítica.  Aos poucos fui melhorando. Fiquei um bom tempo sem descer para a sala roxa. Mas ouvir gritos dos outros companheiros presos e ficar na expectativa de voltar a qualquer momento para a sala roxa era enlouquecedor.
Uma noite, que não sei precisar quando, desci para a sala roxa para ser acareada com o militante da ALN, Eduardo Leite, conhecido como Bacuri. Lembro até hoje dos seus olhos, da sua respiração ofegante e do seu caminhar muito lento, quase arrastado, como se tivesse perdido o controle das pernas. Num tom sarcástico, o torturador dizia para nós dois, na presença de outros torturadores: “viram o que fizeram com o rapaz? Essa turma do Cenimar é totalmente incompetente. Deixaram o rapaz nesse estado, não arrancaram nada dele e ainda prejudicaram nosso trabalho”. No dia 8 de dezembro daquele ano, mataram Bacuri.
Durante o tempo que fiquei sozinha na tal cela grande do segundo andar, com muita dor, sem ter absolutamente nada para fazer, achava que ia enlouquecer. Para passar o tempo, inventei duas atividades: contar os ladrilhos do chão e fazer pequenas tranças com palhas retiradas dos colchões.
Foi nessa mesma cela que, naqueles primeiros dias, foi acolhida, durante alguns minutos, por Ana Burzstin, encarregada de dar meu primeiro banho. Depois de algum tempo, chegaram ou passaram por lá Cecília Coimbra, que também me ajudava no banho, Margarida Solero, a canadense Tânia Chao, Maria do Carmo Menezes, Carmela Pezzutti, Vânia, Marcia e Josi. Todas igualmente torturadas. Juntas, totalmente apoiadas umas nas outras, chorávamos, cantávamos e rezávamos muito. No dia 20 de outubro, dois meses depois da minha prisão e já dividindo a cela com outras presas, servi de cobaia para uma aula de tortura. O professor, diante dos seus alunos fazia demonstrações com o meu corpo. Era uma espécie de aula prática, com algumas dicas teóricas. Enquanto eu levava choques elétricos, pendurada no tal do pau de arara, ouvi o professor dizer: “essa é a técnica mais eficaz”. Acho que o professor tinha razão. Como comecei a passar mal, a aula foi interrompida e fui levada para a cela. Alguns minutos depois, vários oficiais entraram na cela e pediram para o médico medir minha pressão. As meninas gritavam, imploravam, tentando, em vão, impedir que a aula continuasse. A resposta do médico Amilcar Lobo, diante dos torturadores e de todas nós, foi: “ela ainda aguenta”. E, de fato, a aula continuou. A segunda parte da aula foi no pátio. O mesmo onde os soldados diariamente faziam juramento à bandeira, cantavam o hino nacional. Ali fiquei um bom tempo amarrada num poste, com o tal do capuz preto na cabeça. Fizeram um pouco de tudo. No final, avisaram que, como eu era irrecuperável, eles iriam me matar, que eu ia virar “presunto”’, um termo usado pelo Esquadrão da Morte. Ali simularam meu fuzilamento. Levantaram rapidamente o capuz, me mostraram um revolver, apenas com uma bala, e ficaram brincando de roleta russa. Imagino que os alunos se revezavam no manejo do revolver porque a “brincadeira” foi repetida várias vezes.
No final de novembro fui transferida para o DOPS, na Rua da Relação, no centro do Rio de Janeiro. Ali, durante um mês, fiquei numa cela com a médica Germana Figueiredo. A ela, também, muito devo. Com o dobro da minha idade, cuidou de mim como uma mãe. Durante a minha estádia no DOPS fui levada para o Instituto Médico Legal, IML, para fazer um exame de corpo de delito. Achavam que eu seria uma das presas políticas trocadas pelo embaixador suíço, sequestrado no dia 8 de dezembro. Uma das exigências da embaixada era que os prisioneiros que fossem trocados pelo embaixador tivessem um laudo médico oficial do Estado brasileiro sobre o seu estado físico. E eu, quase quatro meses depois, ainda estava marcada pelas torturas. Essas marcas constam do laudo oficial do IML que o meu advogado Heleno Fragoso conseguiu anexar ao meu processo. Mas no final de dezembro, ao invés de sair rumo ao Chile, como os companheiros que foram trocados pelo embaixador suíço, eu fui transferida para o presídio Talavera Bruce, em Bangu, zona norte do Rio de Janeiro. Depois de ter ficado ali quase seis meses, enfrentando uma barra bastante pesada, fui transferida para o presídio Bom Pastor, em Recife.
Ao todo fiquei presa um ano e quatro meses. Como tinha vários processos, mas nenhum julgamento concluído, saí da prisão no dia 14 de dezembro de 1971, com um recurso jurídico chamado “relaxamento de prisão preventiva”. Era uma espécie de “liberdade condicional”. Tinha várias restrições e não podia me ausentar do país. Anos depois, a Justiça Militar me absolveu. Mas nenhuma absolvição pode apagar os métodos utilizados durante o tempo que estive presa sob a responsabilidade do Estado brasileiro.
No momento em que estava escrevendo esse depoimento, me veio à cabeça um texto que li, também no famoso ano de 1968, no curso de literatura que fazia na Aliança Francesa de Recife. Esse texto, que muito me mobilizou tem o título de J’Accuse, em português Eu Acuso. Em carta endereçada ao Presidente da República Francesa, escrita em 1898, o escritor francês Emile Zola fazia uma defesa pública de Alfred Dreyfus, preso e condenado à morte por conta de uma falsidade e de um grave erro judicial. Começando todas as frases da carta com a expressão Eu Acuso, aquele documento produziu um enorme impacto na sociedade francesa. Obviamente sem a pretensão literária de Zola, mas  esperando que os trabalhos da Comissão da Verdade produzam também impacto forte na sociedade brasileira, eu finalizo esse meu depoimento, fazendo uma espécie de plágio ao texto do famoso escritor francês.
Eu  acuso todos os torturadores, civis e militares, inclusive aqueles que diziam e continuam dizendo que estavam apenas cumprindo ordens dos seus superiores.
Eu acuso os altos oficiais e comandantes do Exército brasileiro que, em visitas oficiais ao DOI CODI, entravam nas nossas celas e faziam gracejos com as nossas torturas. Em uma dessas visitas, um desses oficiais colocou seu acompanhante, um cão pastor, para lamber minhas feridas.
Eu acuso quem, durante a minha primeira sessão de tortura, me deu uma injeção na veia, dizendo ser o tal “soro da verdade”.
Eu acuso o major da Polícia Militar Riscala Corbaje, conhecido como doutor Nagib, que ao perceber que o tal soro da verdade não havia produzido o efeito esperado, me levou para uma pequena sala, me deitou no chão, subiu nas minhas costas, começou a pisotear e me bater com um cassetete, dizendo, aos gritos, que ia me socar até a morte. O seu descontrole foi tamanho e seus gritos tão estridentes que os outros torturadores entraram na sala e arrancaram ele de cima de mim.
Eu acuso o major do Exército João Câmara Gomes Carneiro, conhecido como Magafa, que em uma daquelas noites, dias depois que eu havia saído do soro, me deixou durante algumas horas, em pé, com um capuz na cabeça e os fios amarrados nos meus dedos. De tempos em tempos ele cochichava nos meus ouvidos que eu tivesse “um pouco de paciência” porque ele estava muito ocupado, mas que “a sessão dos choques elétricos iria começar a qualquer momento”. Para mim aquele foi um tempo quase infinito. A despeito de ser aquela uma noite muito fria, quando voltei para a cela, minha roupa estava totalmente molhada, colada no corpo, de tanto que eu havia transpirado de medo.
Eu acuso o médico Amilcar Lobo que fez uso dos seus conhecimentos médicos para auxiliar no esquema da tortura. Um dia, diante do nosso clamor para que ele tentasse impedir que Maria do Carmo Menezes, grávida de cinco meses, continuasse sendo torturada, ele nos respondeu: “comunista não pode engravidar”.
Eu acuso o cabo Gil, um dos responsáveis pela infraestrutura do quartel da PE. O seu sadismo era sem fim. Lembro até hoje do barulho forte das chaves quando ele abria a porta da nossa cela com o capuz na mão. Propositalmente, ele demorava um tempo e, como se tivesse fazendo um sorteio, dizia: “acho que agora é sua vez”. Descer as escadas de olhos vedados, guiadas por ele, era um horror. Sempre inventava mais um degrau ou colocava o pé para nós tropeçarmos.
Eu acuso o agente da Polícia Federal Luiz Timóteo de Lima, conhecido como Padre, que me deu muito choque elétrico.
Eu acuso o coronel da reserva Paulo Malhães que em recente entrevista ao jornal O GLOBO, no dia 26 de junho de 2012, afirmou que em 1970, trouxe do rio Araguaia cinco jacarés e levou para o quartel da PE na Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, para atemorizar os presos políticos.
Eu acuso todos os que assistiram e os que ministraram aulas de torturas comigo e com outros presos.
Eu acuso a diretora do Presídio Talavera Bruce em Bangu, no Rio de Janeiro, que me deixou durante seis meses, sozinha, isolada, numa cela mínima, insalubre, chamada solitária. Em solitárias semelhantes estavam, naquele mesmo período, as presas políticas Estrela e Jessie Jane.
Eu acuso os ex presidentes da República Humberto Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo. A despeito das divergências entre eles e das diferentes conjunturas em que chefiaram o país, todos, sem exceção, foram responsáveis e coniventes com a tortura.

Finalmente, eu acuso o regime ditatorial implantado no Brasil em 1964, que fez da tortura uma política de Estado.

ONG britanica é vítima de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba

Título original: Una ONG británica víctima de las sanciones económicas de Estados Unidos contra Cuba

El Departamento del Tesoro confiscó los fondos de Cuba Solidarity Campaign destinados a la compra de un libro sobre el embargo

   
The Economic War against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade fue publicado por Monthly Review Press, casa editorial basada en Nueva York, en abril de 2013 (1). El libro presenta una perspectiva histórica y jurídica de las sanciones económicas que Estados Unidos impone a Cuba desde 1960 y evalúa particularmente su impacto en campos como la salud, que afectan gravemente a las categorías más vulnerables de la población cubana pues impiden que la isla tenga acceso a los medicamentos y equipos médicos fabricados en territorio estadounidense.

El libro subraya el carácter anacrónico, cruel e ineficaz de un estado de sitio que data de la guerra fría, que golpea de modo indiscriminado a todos los sectores de la sociedad – empezando por los más frágiles– y que ha sido incapaz de alcanzar su objetivo, o sea el derrocamiento del gobierno cubano. Del mismo modo, recuerda que las sanciones contra Cuba suscitan el rechazo de la inmensa mayoría de la comunidad internacional, con 188 países que votaron por 21 vez consecutiva en 2012 contra el embargo económico, comercial y financiero. Por otra parte, el 67% de la opinión pública estadounidense desea una normalización de las relaciones con Cuba, pues no entiende por qué puede viajar a China, Vietnam o Corea del Norte, pero no a la mayor isla del Caribe.

Carlos Latuff/Opera Mundi
Un capítulo completo trata del carácter extraterritorial de las sanciones económicas, las cuales violan el derecho internacional. En efecto, una legislación nacional no puede aplicarse en un país tercero. Por ejemplo, la ley francesa no puede aplicarse en Alemania y la ley brasileña no puede aplicarse en Argentina. Ahora bien, la ley sobre las sanciones económicas se aplica a todos los países del mundo y una oficina especial del Departamento del Tesoro, la Office Foreign Assets Control (OFAC), se encarga de ello.



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En abril de 2013, la ONG británica Cuba Solidarity Campaign (CSC) decidió comprar 100 ejemplares del libro The Economic War against Cuba y pidió a su banco inglés, la Cooperative, que pagara la factura mediante una transferencia a la cuenta de Monthly Review Press en la Chase Bank.

No obstante, no se pudo hacer la transacción. En efecto, la OFAC decidió bloquear los fondos y exigió a la ONG británica que explicara en detalle sus relaciones con Cuba. Rob Miller, director de CSC, expresó su asombro: “Se usa una legislación extraterritorial sobre las sanciones económicas contra Cuba para impedir la venta de un libro en el Reino Unido que expone el alcance del bloqueo contra Cuba […]. El carácter ridículo del bloqueo estadounidense se ilustra una vez más con este caso cuando se trata de impedir que los lectores británicos lean un libro publicado por una casa editorial americana”.

Por supuesto, no es la primera vez que Estados Unidos aplica de modo extraterritorial las sanciones contra Cuba. A guisa de ejemplo, si la empresa alemana Mercedes desea exportar sus coches a Estados Unidos, tiene que demostrar al Departamento del Tesoro que sus coches no contienen ni un solo gramo de níquel cubano. Del mismo modo, si un pastelero francés desea vender sus productos en el mercado estadounidense, tiene que demostrar que no contienen un solo gramo de azúcar cubano. Así, no sólo las sanciones económicas contra Cuba constituyen el principal freno al desarrollo del país sino que representan también un obstáculo a las relaciones comerciales de la isla con el resto del mundo. A veces con consecuencias insólitas.

Nota a pié
(1) The Economic War against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013.

(*) Doctor en Estudios Ibéricos y Latinoamericanos de la Universidad Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani es profesor titular de la Universidad de la Reunión y periodista, especialista de las relaciones entre Cuba y Estados Unidos. Su último libro se titula The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, con un prólogo de Wayne S. Smith y un prefacio de Paul Estrade.
Contacto: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr

Fonte: Opera Mundi

quarta-feira, 29 de maio de 2013

China destrói três cargas de milho transgênico procedente dos Estados Unidos

Título original: China destruye tres envíos de maíz transgénico procedentes de los Estados Unidos
Por: GM Watch
29/05/2013

28 de mayo de 2013.- Las leyes de China dicen que el Ministerio de Agricultura ha de exigir pruebas ambientales y de seguridad alimentaria, llevadas a cabo por las Instituciones chinas, con el fin de verificar los datos proporcionados por el fabricante de las semillas. Todos estos datos deben ser revisados por el Comité de Bioseguridad antes de que el Ministerio de Agricultura emita un certificado de seguridad.

Sin embargo, estos envíos de maíz desde los Estados Unidos no tenían ese certificado de seguridad, ni documentos que certificasen su aprobación, de acuerdo con las informaciones aparecidas en la prensa.
Un ciudadano chino, al que llamaremos Sr. Li, señala que hay voluntad por parte del Gobierno en destruir los cultivos transgénicos ilegales, lo cual es algo alentador y satisfactorio. Se considera que es una señal de que se están cumpliendo los compromisos con el pueblo y la nación.
El Sr. Li dijo: “Con un Gobierno a favor de los transgénicos, nunca hasta ahora se había hecho pública tal noticia. En todo caso se habían devuelto en secreto los envíos, o incluso ni siquiera se inspeccionaban los envíos para determinar si contenían ingredientes transgénicos”.
El Ministerio de Agricultura del Gobierno anterior creó mucho malestar entre los ciudadanos al no requerir ningún tipo de pruebo independiente para poner a prueba la seguridad de la soja transgénica de Monsanto, violando las propias leyes chinas: Ver aquí (artículo bilingüe de más de 3 páginas)
Sin embargo, el Sr. Li dice que el nuevo Gobierno todavía tiene un largo camino por recorrer para eliminar los transgénicos que se cultivan e imponer una prohibición de los transgénicos cultivados en el país y los importados.
Esta noticia de la actuación del Gobierno chino se produce poco después de que China dijese a una delegación de productores de soja brasileños que la población china más acomodada quiere soja no transgénica, incluso aunque sea algo más cara:
GM Watch

En el Puerto Wanzai de la ciudad de Zhuahi se destruyeron dos cargamentos de alimentos transgénicos importados

(Traducido del chino por el Sr. Li)

Recientemente, durante la inspección de alimentos procedentes de los Estados Unidos, la Oficina de Inspección del puerto de Wanzai en Zhuhai (en la provincia de Guangdong, al sur de China), se detectaron dos envíos con maíz transgénico, que no está de acuerdo con la normativa de China: “Entrada y salida de productos modificados genéticamente, Inspección y Cuarentena: enfoque de su gestión”. Esta oficina destruyó los dos envíos de maíz, de acuerdo con las disposiciones.


Se interceptan 115 kilogramos de semillas de maíz transgénico, que serán destruidas


news.china.com.cn, 19 de mayo 2013

(Traducido del chino por el Sr. Li)

Recientemente, La Inspección de Harbin interceptó 21 cajas de semillas de maíz procedentes de los Estados Unidos, haciendo un total de 115 kilogramos, que resultaron ser semillas transgénicas. Esta es la primera vez que la Inspección Provincial de Heilongjinag ha interceptado semillas de maíz que contienen ingredientes modificados genéticamente. Estas semillas serán destruidas.

Debido a que en los Estados Unidos se ha detectado maíz infectado por una bacteria que produce marchitamiento de la planta, China ha prohibido la importación de semillas de los Estados Unidos. Las semillas fueron enviadas desde la misma empresa estadounidense a dos empresas de semillas de la provincia de Hailongjiang. De acuerdo con las disposiciones existentes en China, todos los productos transgénicos importados deben ser previamente autorizados por los servicios competentes. Sin embargo, este cargamento de semillas no contaba con el certificado de seguridad ni documentos de aprobación.

De acuerdo con una persona competente a cargo del Servicio de Inspección, si un producto importado contiene ingredientes modificados genéticamente sin evaluación de riesgo ni de autorización, hay una probabilidad muy alta de que se extienda la plaga. Si no hay un control estricto podría representar una amenaza significativa para la producción agrícola y la salud pública.


Fonte: Aporrea

Monsanto fracassa em tentativa de criminalização da luta social

Os cinco ativistas processados pela Monsanto no Paraná acabam de ser absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR). A empresa entrou com a acusação de esbulho possessório, dano e furto após um protesto realizado em 2003 em uma de suas fazendas, utilizada para experimentos transgênicos, em Ponta Grossa (PR).

Vinicius Mansur
Brasília – Os cinco militantes pela reforma agrária processados pela Monsanto no Paraná (PR) foram absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) na última quinta-feira (23). A empresa entrou com a acusação de esbulho possessório, dano e furto após um protesto realizado em maio de 2003 em uma de suas fazendas, utilizada para experimentos transgênicos, em Ponta Grossa (PR). De acordo com o coordenador da ONG Terra de Direitos e um dos cinco processados, Darci Frigo, todos os desembargadores disseram não haver provas para a condenação.
O protesto aconteceu em seguida ao encerramento do 2º Encontro da Jornada de Agroecologia, cujo tema era “Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos”. Cerca de 600 manifestantes se dirigiram a fazenda da Monsanto para denunciar a entrada das sementes geneticamente modificadas no estado, a realização ilegal de pesquisas e crimes ambientais cometidos pela empresa. Na ocasião, uma plantação transgênica foi destruída em protesto. Seis dias depois a área foi ocupada por agricultores familiares e sem terra.
“Eles [Monsanto] fizeram uma acusação contra a coordenação da jornada de agroecologia. Mesmo não tendo prova nenhuma, eles escolheram as pessoas que deram entrevista. O critério de criminalização foi um critério de exposição das pessoas”, relata Frigo.
Também foram acusados Célio Leandro Rodrigues e Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), José Maria Tardim, à época integrante da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (ASPTA) e Joaquim Eduardo Madruga, fotógrafo ligado aos movimentos sociais e então secretário operativo da jornada. “Os advogados da Monsanto fizeram vários prints do site da jornada onde aparecia meu nome. Nos acusaram de ocupar a área, porém eram mais de 600 pessoas e só processaram nós cinco”, disse Madruga.
Segundo Darci Frigo, o maior problema do processo judicial foi a Monsanto ter conseguido excepcionalmente - mesmo após o Ministério Público, titular da ação, dar parecer pela absolvição de todos os acusados e o juiz acatá-lo - ganhar um recurso que lhe permitia levar o processo adiante como parte assistente de acusação. “A Monsanto conseguiu ingressar no processo como agente privado porque tem poder e contrata escritórios que tem influência. Foram três recursos no Tribunal e ficou reconhecido que não havia a provas”, disse.

Desdobramentos

A ocupação da fazenda da Monsanto em Ponta Grossa durou cerca de um ano. Os trabalhadores rebatizaram a área de Centro Chico Mendes de Agroecologia, passaram a cultivar sementes crioulas e solicitaram às autoridades competentes que realizassem vistoria técnica no local para constatar as irregularidades.
Foram até lá uma equipe composta por membros da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab-PR) e do Ministério Público do Paraná. O parecer da equipe indicava que, entre as irregularidades, estavam a inexistência de mata ciliar e a contaminação do solo por agrotóxicos, inclusive em área que deveria ser de preservação permanente.
Nesta conjuntura, a Assembleia Legislativa paranaense aprovou e o então governador Roberto Requião sancionou, ainda em 2003, uma lei que proibia o cultivo, a armazenagem, o transporte e a comercialização de transgênicos no estado. Requião chegou a instalar um rigoroso controle de fronteira e a proibir o uso do porto de Paranaguá para exportação de transgênicos.
A Monsanto desativou seu centro de experimentos em Ponta Grossa. O governo estadual tentou comprar a área para efetivar um centro de produção de sementes crioulas, mas o preço alto cobrado pela área impediu o negócio, informou Frigo.
Em 2005, porém, a lei foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que a competência para legislar sobre o assunto não competia ao estado e sim à União.

Monsanto

Sediada em Missouri (EUA), a Monsanto está em mais de 80 países, com domínio de aproximadamente 80% do mercado mundial de sementes transgênicas e de agrotóxicos. O Brasil é o segundo maior consumidor dos produtos da Companhia, ficando atrás apenas da matriz americana. O lucro da filial brasileira em 2012 foi de R$3,4 bilhões.
Em diferentes continentes, a empresa acumula acusações por violações de direitos, por omissão de informações sobre o processo de produção de venenos, biopirataria, cobrança indevida de royalties, e imposição de um modelo de agricultura baseada na monocultura, na degradação ambiental e na utilização de agrotóxicos.
De acordo com a Terra de Direitos, no último sábado (25), mais de 50 países aderiram à “Marcha contra Monsanto” em protesto contra a manipulação genética e a monopólio da multinacional na agricultura e biotecnologia. A campanha contra a empresa teve como estopim o suicídio de agricultores indianos, que se endividam e tornaram-se reféns das sementes geneticamente modificas. Na Hungria, toda a plantação da Monsanto foi destruída.
Fonte: Carta Maior


Leia também: 

Governo dos EUA ajuda Monsanto a vender transgênicos


Síria é hoje o epicentro das grandes lutas entre imperialismo e anti-imperialismo

Título original: “SIRIA ES HOY EL EPICENTRO DE LAS GRANDES LUCHAS ENTRE EL IMPERIALISMO Y ANTIIMPERIALISMO”

James Petras
27 de mayo de 2013

“Por primera vez Bashar Al Assad está armando milicias populares, vecinos, han armado grupos populares para unirse al ejército contra esta turba de grupos terroristas que vienen a masacrar al pueblo, respaldados fundamentalmente por Inglaterra, Francia y Estados Unidos”, explicó este lunes en CX36 el sociólogo norteamericano James Petras (*). Agregó que actualmente “lo que podemos decir son dos cosas: primero que Hezbolá y Siria juntos son totalmente capaces de derrotar y echar a los terroristas. Pero, al mismo tiempo, los países imperialistas –lo ha hecho Israel- reconocen esto por lo que quieren una gran escalada de armas, incluso hablan de armas pesadas, y hasta misiles de gran potencia”.  Además, Petras se refirió a la actualidad política venezolana y comentó su reciente gira por Irlanda y el País Vasco.

A continuación transcribimos la Columna de James Petras que puede escuchar/descargar aquí:

Efraín Chury Iribarne: Es un gusto retomar el contacto de cada lunes – tras dos semanas sin tenerlo- con James Petras desde Nueva York. Buenos días, bienvenido.
James Petras: Buenos días. Estamos felices de volver al programa después de mi viaje por Irlanda y el País Vasco.
Estuvimos en el País Vasco, dando algunas conferencias invitados por el sindicato LAB (1) en Bilbao y mantuvimos una gran reunión en Pamplona, con casi mil personas.

EChI: Muy bueno, entonces si te parece podríamos comenzar con una reseña de lo que dejó este viaje.
JP: Si. Hay un enorme contraste entre Irlanda el País Vasco, ambos enfrentan una gran crisis y altas tasas de desocupación. Pero en Irlanda donde no hay una organización de masas clasista, con una visión de transformación, la respuesta de los jóvenes es salir del país, 300 mil jóvenes y trabajadores han salido del país en los últimos cuatro años. Estamos hablando de casi el 10% de toda la población activa, de la mano de obra, en el país.
Mientras que en el País Vasco hay convocada una huelga general para este jueves 30 de mayo, donde todas las fuerzas populares están movilizadas y nosotros pudimos ver e incluso pudimos apoyar, en conferencia de prensa (2), hacer una declaración de apoyo a este gran acto que va a unificar todos los problemas de los participantes en una gran lucha.
Este contraste hay que analizarlo porque en Irlanda optan por la salida del país y en el País Vasco por la lucha. Esto tiene que ver con la existencia de organización política, orientada hacia asambleas en los centros de trabajo que son capaces de informar, organizar y participar. En Irlanda el Partido Laborista está colaborando en los pactos, que incluyen en recortes a los programas sociales y las exenciones a las multinacionales, mientras sigue bajando el nivel de vida en forma vertical.
Es muy impresionante como en dos situaciones similares, las respuestas son tan divergentes y que da tan pocas posibilidades a los irlandeses y todas las posibilidades a los vascos.
Ni hablemos de las diferencias gastronómicas, de eso podríamos hablar en otro momento, pero la gastronomía vasca es de gran categoría.

EChI: Es curioso porque la ‘crisis madre’ es la misma en ambos lugares.
JP: Si. Por eso digo que la diferencia es en la estructura política y social, y de la organización de conciencia. En el país Vasco hay una fusión entre la conciencia nacional, emancipadora y la lucha de  clases; mientras que los irlandeses tienen una desconexión, no están identificados con nada antiimperialista, es el lugar más propicio para las multinacionales, donde pagan el menor impuesto y la lucha de clases ha desparecido con la colaboración entre sindicatos, sindicalistas amarillos y las multinacionales.
Son diferentes culturas que determinan la gran divergencia en la reacción a la crisis.

EChI: ¿Cómo esta el tema Siria?
JP: Siria obviamente es  el epicentro de las grandes luchas entre el imperialismo y antiimperialismo en este momento.
Los últimos acontecimientos muestran que el poder del gobierno de Siria y los pueblos sirios, están a la ofensiva. Por primera vez Bashar Al Assad está armando milicias populares, vecinos, han armado grupos populares para unirse al ejército contra esta turba de grupos terroristas que vienen a masacrar al pueblo, respaldados fundamentalmente por Inglaterra, Francia y Estados Unidos.
Lo que está en juego ahora es muy claro, la táctica del imperialismo es dividir y conquistar. Primero empezaron con Irak, ahora están atacando Siria, después van a dividir Irán del Líbano, después atacarán Hezbolá y después atacarán Irán. Es un cadena. Por eso Hezbolá ha entrado a colaborar con el gobierno y el pueblo sirio, atacando a los terroristas que están  tratando de combinar la lucha contra Siria, con un ataque al Líbano.
Hay mucho en juego y por eso Hassan Nasrallah, el dirigente de Hezbolá, ha dicho claramente que si cae Siria, le sigue Líbano e Irán, y los que van a sufrir más son los palestinos. Por esta razón Israel colabora con Estados Unidos, Inglaterra y Francia, atacando Siria, porque sabe que Siria y Hezbolá son los que han quedado como los principales defensores del pueblo palestino. Y esta situación es muy grave porque Inglaterra y Francia están exigiendo mayor financiamiento para armar a los terroristas.
Muestran con toda vulgaridad la capacidad de intervenir y destruir un país, pues saben muy bien que dar más armas a los terroristas significa más destrucción y más muerte, más asesinatos.
Hasta ahora, Austria y algún otro país en la Unión Europea están bloqueando esta medida, que tiene el apoyo también de los Estados Unidos, pero con la mano escondida. El canciller (estadounidense, John) Kerry está actuando ahora junto con la quinta columna palestina, el sector de gran capital palestino, que hay algunos requisados, forman un acuerdo de negocios dentro de lo que queda de Palestina, estos pequeños pedazos palestinos, especie de bantustanes, para formalizar alguna neutralización de la campaña palestina a favor de Siria.
Esto es muy complicado.
Lo que podemos decir son dos cosas: primero que Hezbolá y Siria juntos son totalmente capaces de derrotar y echar a los terroristas. Pero, al mismo tiempo, los países imperialistas –lo ha hecho Israel- reconocen esto por lo que quieren una gran escalada de armas, incluso hablan de armas pesadas, y hasta misiles de gran potencia.
Entonces el avance de la liberación en Siria va contra los esfuerzos del imperialismo de intervenir con mayor fuerza.

EChI: En Venezuela también han sucedido varias cosas, el desabastecimiento, el protagonismo de las Fuerzas Armadas, etc. ¿Qué visión tiene de todo esto?
JP: Todavía no hemos visto una clara nueva iniciativa, creo que la cosa sigue igual. Hay declaraciones del presidente (Nicolás) Maduro,  que la amenaza de golpe por parte de la oposición han bajado, las presiones norteamericanas siguen avanzando pero sin ningún cambio estratégico hasta este momento. El gobierno todavía no ha lanzado ninguna campaña de rectificación y eso es un problema. Deben reorganizarse, repensar las prácticas administrativas, las iniciativas políticas. Estamos en un período de pausa, por lo que debemos esperar a ver si en los próximos meses o semanas, si el gobierno reconoce la necesidad de reforzar el sector administrativo, popular, político y económico.
Una cosa, las refinerías que había propuesto el Ministerio de Petróleo hace años, todavía no se han construido. Están importando diesel de Estados Unidos, lo que es ridículo.
Deben lanzar un programa de autosuficiencia en alimentación, mientras están importando el 85% de los alimentos.
En tercer lugar, la idea de algún alto funcionario, ministros -como Alí Rodríguez- de buscar aliados en el sector privado, me parece muy cuestionable porque no indica que sectores privados pueden prestar una mano, que tipo de ayuda o colaboración pueden ofrecer; en que tipo de actividades y cómo eso va a afectar su posición política. Me parece que se está dando una perspectiva privatizadora, conciliadora,  pero sin base económica. Es más una estrategia política para calmar los ánimos. Pero no se si es una salida económica, porque hasta ahora el capitalismo, el sector privado, sólo sabe chupar dolares del Estado sin hacer ninguna inversión productiva que sirva para dinamizar la Economía.
Eso es un peligro porque frente a la confrontación, que es cada vez más grave  hay sectores y personas como el señor Ali, que piensan evitarlo a partir de la conciliación; mientras la derecha y los capitalistas aceptan todas las concesiones, sin dar respuesta  ninguna de reciprocidad. Ese me parece el principal tema político internamente.

EChI: En otro orden, los comunistas chilenos han decidido apoyar a la candidata de la concertación Michelle Bachelet para las elecciones del 30 de junio.
JP: Bachelet no ofreció nada durante su Presidencia frente a los temas que hoy enfrenta Sebastián Piñera, como Educación, empleo, salarios. Ella ha sido muy demagoga, ese es su estilo, juega las cartas del feminismo, del progresismo, pero Piñera no inventó estos problemas, son también el producto de los 20 años de Concertación. No debemos engañarnos y pensar que Bachelet representa una ruptura con el pasado. Ni con el pasado de Piñera ni con su propio antecedente. 
Lo que falta en Chile hace años es una verdadera alternativa entre la derecha y el centro derecha; porque se llaman centro izquierda, pero si analizamos a Chile en la economía internacional, en la estructura de clases, es un país de centro derecha. Muy autoritario dentro del sistema electoral, muy pero muy colaboracionista con Wall Street, forma parte del PAN Pacifico como miembro fundador, colaborando con Estados Unidos para debilitar el ALBA, Mercosur y otras alianzas regionales. Recordemos que PAN-Pacífico es una alianza centrada en Estados Unidos y Chile es su socio favorito, junto a Japón y otros países que tratan de formar un cerco alrededor de China y debilitar el regionalismo latinoamericano. En ese panorama, Bachelet es muy funcional.
Hemos recibido noticias, no se si está circulando en Uruguay, que el presidente José Mujica ha sido muy complaciente para entrar al PAN Pacífico; considerándolo incluso como una opción seria, que podría ser útil para el sector agro exportador uruguayo.
PAN Pacífico es la alternativa que Estados Unidos está proponiendo para América Latina y para el Pacífico. Dirigido contra cualquier progresismo regionalista latinoamericano, debilitar a la Argentina y a otros países independientes, y fortalecer lazos a partir de la asociación –supuestamente- con el Pacífico. Lo mismo que aliados  con Japón y Australia, está tratando de montar una alternativa a China.
Es muy difícil en el caso de China, porque está muy involucrada en los países asiáticos y Australia; y otros países como Perú y Chile, dependen de las exportaciones a China. Pero en todo caso, Estados Unidos está metido en formar un nuevo cerco, es su idea, un cerco militar con consecuencias económicas.
Muy complicado como decía, China está involucrada a gran escala en toda Asia, con inversiones. Incluso está extendiendo sus inversiones en el Caribe, hay un enorme flujo de inversiones y proyectos en el Caribe. Por tanto, la competencia del nuevo poder económico chino y el declive estadounidense se está intensificando e involucrando a Latinoamérica. A ver cuál es ahora la posición de Uruguay sobre PAN Pacífico.

EChI: Es cierto Petras, el gobierno uruguayo se ha declarado favorablemente a integrar la Alianza del Pacífico.
JP: Si hay tiempo quiero comentar dos cosas más. Primero es la política de la mal llamada socialdemocracia. El señor (presidente de Francia, Françoise) Hollande en las páginas financieras  anuncia que va a cortar el Presupuesto, gastos públicos, en 50 mil millones en los últimos años de su gobierno. Esto incluye el despido de empleados públicos, recortes en salarios, aumentar la edad de jubilación, recortes en programas sociales –pensión por desempleo, asignaciones familiares-. En otras palabras Hollande está haciendo todo lo que son los programas de (David) Cameron, (George) Bush; (Barack) Obama; etc. O sea, ha cumplido el ciclo: empezó como demagogo criticando a la derecha y luego imitándolo hasta las últimas.
Esto me parece que confirma la idea de que no hay diferencia entre la socialdemocracia y la derecha. Junto con Cameron son los principales apoyantes del terrorismo en Siria, los mas agresivos son precisamente Hollande y Cameron, que están exigiendo que la Unión Europea aumente el flujo de armas pesadas para los terroristas; son los que están atacando a Hezbolá que etsá defendiendo la frontera.
Ni en política interna ni en política externa, Hollande demuestra el mínimo de progresismo, de demócrata y mucho menos de socialismo.
Vamos a ver si ahora, tan debilitado, podrá enfrentar las protestas, que imagino y espero que los sindicatos rompan con Hollande y lancen protestas masivas. Porque los recortes que  anuncia Hollande tarde o temprano llevan a la confrontación y todos los socialistas, marxistas, comunistas, trostkistas que apoyaron a Hollande como el mal menor, ahora están comiéndose sus propias palabras.
El otro tema es el tornado en Oklahoma, que mató a  una veintena de jóvenes estudiantes y niños de una escuela. Esta región constantemente tiene tornados, no son la excepción, son la regla. Por lo que tener una escuela que no tenga un lugar de seguridad para que cuando se anuncie con varios minutos que viene un tornado, puedan bajar a un sótano de concreto y se puedan salvar esas vidas, es inaceptable. Y ayer Obama visitando a las familias y dando consuelo es realmente inaceptable.
Hay miles de millones de dólares gastados en bases militares en 800 lugares del mundo, mientras que en Oklahoma y otras regiones afectadas por los tornados, la gran mayoría de las escuelas  no tienen  ninguna protección.
Estas cosas se repiten cada año. Las amenazas existen siempre. Pero indica que la seguridad de la patria no es la prioridad del gobierno, porque no hay seguridad para los niños, para la gente que vive en casas precarias no tienen donde escapar cuando les avisan por radio que viene un tornado. No tienen donde ir para protegerse. En la gran mayoría de los pueblos no tienen donde ir y sufren los muertos como cualquier animal del campo.

EChI: Bien Petras, ha sido un gusto, un abrazo.
JP: Bien, un abrazo. Y en especial a los vascos, porque me recordaron con mucho cariño la solidaridad del pueblo uruguayo y tienen un día de recuerdo cada año para los dos uruguayos que murieron peleando para evitar la extradición hace unos 20 años (3). Lo recuerdan con un gran cariño.
(*) Escuche en vivo los lunes a las 11:30 horas (hora local) la audición de James Petras por CX36, Radio Centenario desde Montevideo (Uruguay) para todo el mundo a través de www.radio36.com.uy

Notas de Redacción
(1) LAB: Langile Abertzaleen Batzordeak (en euskera: Comisiones de Obreros Abertzales) es un sindicato nacionalista vasco, integrado en la izquierda abertzale, y considerado parte del Movimiento de Liberación Nacional Vasco. Creado en el otoño de 1974, mantiene su presencia fundamentalmente en País Vasco y Navarra (España); a partir de su V congreso (San Sebastián, 2000) extendió su actividad sindical al País Vasco francés. A nivel internacional, LAB forma parte de la Federación Sindical Mundial.
(2) James Petras apoya la huelga general en Euskal Herria. Ver video de la conferencia de prensa en:  http://agoitzgorria.info/wp/?p=9598

(3) La masacre del Filtro fue una masacre que desató el gobierno uruguayo, el 24 de agosto de 1994, contra miles de personas que se concentraban el las inmediaciones del Hospital Filtro, en apoyo al pedido de asilo político de tres ciudadanos vascos y en reclamo de otorgarle el asilo político. En rechazo a su extradición, los vascos estaban realizando una huelga de hambre, motivo por el cual el 19 de agosto son internados en dicho hospital, rodeados de decenas de miles de uruguayos que se concentraban allí para apoyar que se le otorgara el derecho de asilo. Pero el gobierno resolvió sacarlos a la fuerza y extraditarlos en la noche del 24 de agosto. Se desplegó un operativo represivo para ‘abrir camino’ a las ambulancias que conducirían a los detenidos, operativo que fue conducido por el Inspector Nacional José Dávila y el Inspector General Pablo Gerjiulo que dependían de la orden directa del Ministro del Interior de entonces, Ángel María Gianola, dejando como saldo la muerte de Fernando Morroni y Roberto Facal y cientos de heridos.