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terça-feira, 23 de julho de 2013

Brasil: o precário liame entre democracia e ditadura

José Rubens Mascarenhas

Com uma "democracia" como a nossa, a burguesia lá precisaria de ditadura militar?

 

Este é o decreto do Governador do Rio de Janeiro criando o Departamento de Ordem Política e Social, a que quer chamar de CEIV - Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas. Nada mais parecido com o famigerado DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), criado em 1924 e aparelho a serviço de todo qualquer governo autoritário que passou por este país, característica tão peculiar aos atuais.
Na prática, tal Comissão funcionará nos moldes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) na época da ditadura militar, mais precisamente surgido no ano de 1968. A diferença é que as vítimas-alvo não são mais comunistas, mas simples manifestantes no Rio, que acreditam que vivemos numa democracia. Pode muito bem ser o laboratório dessa prática que poderá estender-se aos demais estados brasileiros, a reboque de segmentos da burguesia “brasileira”, temente de perder o controle social nesse momento de aprofundamento da crise do capital.
Os seis p2 (polícia disfarçada) infiltrados na manifestação do Rio ontem
(22/07/2013). O povo percebeu e encurralaram-nos. Todos com pulseiras pretas.
Fonte: Facebook
Segundo o decreto, assinado em 19/07/2013 por Sérgio Cabral, o novo DOPS (a CEIV) terá plenos poderes para tomar toda e qualquer providência coercitiva às manifestações, inclusive quebrar sigilos telefônico, bancário e de internet. Na prática, o laboratório pode ter sido as próprias manifestações de junho no Brasil, quando a Polícia Militar operou com agentes infiltrados, os famigerados P2, como mostram vídeos postados nas redes sociais, com o intuito de inflamar as manifestações, executar quebra-quebra e instalar o terror no seio do movimento, plantando provas (explosivos, drogas, armas brancas, etc.), inclusive prendendo ilegalmente manifestantes e os mantendo-os presos sem respeitar os direitos civis.
As prisões políticas tão comuns no regime militar acontecem hoje travestidas de outros argumentos arranjados, falseados e forjados. Essa polícia prende com alegação de que quadrilhas locais e internacionais operam os atos e manifestos nas ruas da cidade, e juntam ilustres desconhecidos em delegacias e os indiciam como quadrilheiros (o novo motivo que substituiu os comunistas na ditadura).
Foto e fonte da matéria referente ao fato de um policial 
quebrar o vidro da propria viatura para atribuir a
 manifestantes, em 13/06/2013
A burguesia se alvoroça quando os trabalhadores vão às ruas e não poupam arbitrariedades contra a classe trabalhadora, criminalizando toda e qualquer manifestação que ponha em cheque seu modus operandi, pior, sem qualquer base legal, afrontando mesmo o próprio Direito Constitucional, que se diz defensor da “liberdade de expressão”.

Texto produzido com informações das redes sociais, especialmente
Facebook

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