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terça-feira, 9 de julho de 2013

As mentiras da França sobre o caso Evo Morales/Edward Snowden

O presidente boliviano, Evo Morales, é recepcionado pela
 população ao chegar ao aeroporto de El Alto

Após ordem de Washington, países europeus fecharam espaço aéreo ao avião de Evo Morales, desatando crise diplomática entre Europa e América Latina

Salim Lamrani
08/07/2013


Ao proibir que o avião presidencial de Evo Morales sobrevoasse seu território na madrugada entre os dias 2 e 3 de julho de 2013, a França desatou uma grave crise internacional com a Bolívia. Espanha, Itália e Portugal também foram culpados do mesmo ato de hostilidade em relação ao país sul-americano. Todos, sem exceção, seguiram as ordens de Washington, que pensava erroneamente que seu ex-agente Edward Snowden se encontrasse a bordo do avião.

Toda América Latina, desde o Chile até Cuba, de todas as tendências políticas, condenou este ato, inédito desde o final da II Guerra Mundial. Paris foi culpada de uma gravíssima violação do Direito Internacional ao atentar contra la imunidade diplomática absoluta da qual goza todo chefe de Estado. A Bolívia se dirigiu imediatamente às instâncias internacionais para denunciar esta agressão ilegal.

As explicações proporcionadas pelo Ministério francês de Relações Exteriores são pouco convincentes. O Quai d’Orsay “lamentou o contratempo causado ao presidente Morales pelo atraso na confirmação da autorização do sobrevoo do território francês pelo avião do presidente”. No entanto, a Bolívia pediu e conseguiu a autorização de cruzar o espaço aéreo francês no dia 27 de junho de 2013, ou seja, seis dias antes do incidente. Assim, a França sabia quase uma semana antes que o avião presidencial boliviano cruzaria seu território nacional.

Questionado a respeito, o presidente francês François Hollande não prestou maiores esclarecimentos. “Quando me inteirei de que era o avião do presidente boliviano, autorizei imediatamente o sobrevoo”. Outra vez, estas palavras são inexatas já que havia sido dada anteriormente a autorização do veículo para cruzar o espaço aéreo uma semana antes do grave incidente que obrigou Evo Morales a aterrissar de emergência na Áustria e fazer uma escala de 13 horas ali.

Na verdade, a França mostrou uma embaraçosa submissão frente os Estados Unidos e se comportou não como uma grande nação soberana e independente, mas como uma “República das Bananas” dócil e obediente. Paris não vacilou um só instante em violar o Direito Internacional, cometer um ato sumariamente hostil para com um país aliado e colocar em perigo a vida de um presidente democraticamente eleito, com o objetivo de acatar uma ordem de Washington. Assim, o governo socialista francês prestou ajuda à administração Obama em sua intenção de prender Edward Snowden, que revelou que os serviços de inteligencia estadunidenses espionavam… a Europa e a França.


(*) Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor-titular da Universidade da Reunião e jornalista, especialista nas relaciones entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio  de Paul Estrade. Contato: lamranisalim@yahoo.fr; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr.  

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Fonte: Opera Mundi

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