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domingo, 30 de setembro de 2012

Encarregado do Ibope pediu R$ 1 milhão para fraudar pesquisa, diz senador


Dinheiro seria para todas as pesquisas
Da Agência Senado

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) classificou como "criminoso" e "preocupante" o objeto da denúncia feita pelo senador Papaléo Paes (PSDB-AP). Papaléo afirmou que um encarregado do Ibope teria oferecido a manipulação do resultado das pesquisas ao coordenador de campanha de um dos candidatos ao governo do Amapá. A fraude custaria R$ 1 milhão e abrangeria todas as pesquisas até o segundo turno. A oferta foi gravada.
"O senador Papaléo Paes ligou para o Dr. Montenegro, que é o dono do Ibope. O Dr. Montenegro disse que era uma empresa terceirizada que eles contratavam em Belém para fazer a pesquisa no Amapá. Essas pesquisas agora começam a me deixar, digamos assim, completamente incrédulo. Ora, se isso acontece no Amapá, o que não estará acontecendo, por exemplo, em Roraima?", questionou Morazildo, na última quinta-feira, dia 2, da tribuna do Senado.
O senador observou que em Roraima o Ibope também apresentou pesquisas "um pouco preocupantes". Ele lembrou que na campanha eleitoral de 2006, as pesquisas do Ibope sempre apresentavam sua adversária na frente. Somente às vésperas da eleição, ela apresentou uma leve vantagem sobre Mozarildo, que venceu a eleição com 13% de vantagem.
Mozarildo disse que chegou à conclusão de que a pesquisa de Roraima é manipulada, pois, de repente, o atual governador, que sempre esteve atrás nas pesquisas, apareceu na penúltima pesquisa com empate numérico (41% a 41%) e na pesquisa mais recente, já aparece com 6 pontos à frente do adversário. Ele fez um apelo a Montenegro que dê explicações sobre o caso, porque as pesquisas têm uma influência muito grande sobre o eleitor indeciso.
O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) disse que na Paraíba não é diferente. Para ele, o problema está na terceirização porque não existe co-responsabilidade e as discrepâncias só aumentam. Ele defendeu o aprimoramento da veracidade dos institutos de pesquisa. O senador Augusto Botelho (sem partido-RR) lembrou que, durante a campanha eleitoral, os seus eleitores reclamaram que o seu nome não aparecia nos formulários dos pesquisadores do Ibope.

Vespeiro
Mozarildo também reiterou denúncias feitas sobre o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, em relação a estradas, dívidas e o uso irregular do avião do governo do estado. Segundo o senador, o governador estaria utilizando o avião para viagens particulares de lazer. Ele disse que, nos próximos dias, apresentará uma lista completa dos vôos realizados pelo governador, fornecida pela Infraero, e pedirá uma investigação.
"O nosso estado está se transformando nesse esquema em que uma quadrilha quer dominar tudo, a política, alguns setores de empresas e, ao mesmo tempo, ameaçar quem ouse se contrapuser a ele. Coincidentemente, ontem o meu escritório recebeu dois telefonemas de pessoas, que não se identificaram, dizendo que eu me cuidasse, porque eu estava mexendo em um vespeiro", assinalou.
O senador solicitou ao Senado que lhe fornecesse o serviço de segurança durante a campanha eleitoral em Roraima.

Silêncio! Tem gente dormindo...

Imagem: eu-eosoutros-eus.blogspot.com

Juliana Brito
 21/09/12

Moro na "Suíça Baiana", conhecida por alguns como Vitória da Conquista. É uma cidade maravilhosa, onde tudo funciona muito bem, afinal temos o "privilégio" de contar com um governo petista há mais de uma década no poder.
Aqui a saúde é uma beleza, a população participa ativamente dos conselhos municipais e tudo é decidido democraticamente através de um "orçamento participativo”, temos médicos e dentistas à disposição de quem precisa. Os alunos saem do quinto ano do ensino fundamental muito bem alfabetizados, pois em nossa cidade "só não estuda quem não quer". Jamais se tentou privatizar um hospital público nestas terras, sob o artifício de se criar uma "Fundação", como em algumas cidades da Bahia.
O transporte coletivo é muito eficiente, ninguém fica mais de uma hora esperando o seu ônibus, ninguém viaja em pé e as passagens são as mais baratas da Bahia. Os nossos professores são plenamente valorizados e os projetos educacionais são elaborados nas escolas por toda a comunidade. Não experimentamos ciclos e aprovação automática, afinal o que mais os secretários de educação tem perseguido é uma educação de qualidade, não querem apenas maquiar as estatísticas. Assim, estamos nas listas dos melhores entre os melhores colégios do país. Os cargos públicos são ocupados apenas por pessoas altamente capacitadas e engajadas na resolução dos problemas sociais, que se recusam, inclusive, a ter filiações patidárias.
O pessoal do CRAS e outros projetos, não tem medo do povo e chega junto, sobem os "morros" e conversam de igual para igual com a população. As rixas dos bairros foram resolvidas com a criação de espaços culturais e esportivos Em cada esquina há uma quadra, uma piscina poliesportiva, teatros e bibliotecas.
Os nossos vereadores são os melhores do país e investem todo o seu tempo em promover ações para melhorar ainda mais a vida da população, nunca gastaram seu tempo precioso em questões menores como leis para mudar o nome de ruas. Nessa terra do frio e do planejamento dos recursos hídricos, uma das cidades mais arborizadas do país nunca se asfaltou ruas em épocas de eleição, e o nosso prefeito é uma pessoa honrada e muito acessível. O mais importante de tudo isso é que, na minha querida cidade, jamais, em tempo algum, uma professora chamada Cida, foi retaliada por questionar uma certa reunião, ocorrida numa certa Igreja, com certos candidatos de partido da situação e seus comparsas ...Afinal, como um prefeito democrático e estadista brilhante iria mover um processo administrativo para retaliar os comentários de uma certa professorinha tão desequilibrada que ousasse questionar qualquer assunto??? ...Por aqui não acontece dessas coisas, o diálogo e o debate são levados a sério.
Todas as noites antes de dormir, agradeço a Deus,, porque, na minha cidade, não há batalhões de puxa-sacos dispostos a defender, com unhas e dentes, todas as armações de um certo partido inimigo de todos os que pensam e questionam. Não usam a máquina para comprar votos e enganar a população mais carente. Nunca soube da entrega de casa populares e outras migalhas distribuídas perto das eleições.
"Suíça Baiana", a melhor cidade para se viver. Onde tem médicos, dentistas, professores, ciclovias, conselhos, prefeitos acessíveis... Onde as gestantes e parturientes não correm o risco de perder seus bebes e até a vida por falta de assistência...
É muito bom viver num sonho inventado por uma propaganda eleitoral!!! O problema é quando se acorda e descobre que tudo não passa de um grande pesadelo.

Deus lhe pague


Desenho: virtualia.blogs.sapo.pt
Rubens Mascarenhas

Em comício em Santo André (SP), o ex-presidente Lula diz que “Sem o PT, o Brasil não seria esse País alegre que é, nem esse País orgulhoso que é" (Tribuna Hoje). Sabendo, claro, o sentido de  justificativa das “maracutaias” (abro aqui esses parênteses para externar que, não fosse o Lula (e por extensão o PT) eu não estaria usando esse termo tão adequadamente hoje) do mensalão, fico imaginando a cabeça de tão performático personagem da política brasileira. Coisa surreal, a História do país passa a ser dividida entre antes e depois do PT - por extensão, os (des) valores morais e éticos, mesmo aqueles burgueses idem - e me vem à memória a mui significativa canção “Deus lhe pague” do Chico Buarque de Holanda, cuja letra deveria, creio, retroativamente, estar agradecendo ao “partido” por tudo o que ele nos proporciona hoje. Não me estenderei mais, apesar do tema dar “pano prá manga”, pois quem viveu a história do Brasil dos últimos 30-40 anos entenderá mui bien o contexto da música e os mais novos, que não perderam a capacidade crítica e não se enlaçaram nos cordões do pragmatismo deslavado dos dias eleitoreiros atuais, também.
Escolhi a versão cantada por Oswaldo Montenegro (do disco Oswaldo Montenegro e Sergio Chiavazzoli - Seu Francisco), pois “nunca na história desse país” alguém interpretou essa canção como ele. Claro que esta é a minha opinião, se o PT me permite. A canção fala por si só. Ouça e acompanhe a letra.


Deus lhe Pague
Chico Buarque

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague.

sábado, 29 de setembro de 2012

Quando os banqueiros são “banksters”

Filial do Barclays em Paris, banco acusado de deliberadamente
 manipular a taxa Libor. Foto: REUTERS/Mal Langsdon/Files

por Julio Godoy

Paris, França, 26/7/2012 – Meios de comunicação, dirigentes políticos e cidadãos europeus se voltam contra os banqueiros, acusando-os, no melhor dos casos, de serem cúmplices de inumeráveis operações ilegais, e, no pior, de diretamente serem criminosos. O melhor exemplo desta onda de indignação é o uso da palavra “bankster”, combinação de “banker” (banqueiro, em inglês) e gângster, inclusive utilizada pelos meios de comunicação de países não anglo-saxões. O termo, cunhado durante a crise econômica mundial conhecida como a Grande Depressão, dos anos 1920 e 1930, ressurgiu na mídia britânica em 2009, e apareceu agora na primeira página do jornal francês Libération.
Em um breve documento sobre política bancária divulgado no dia 21, o presidente do opositor Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha, Sigmar Gabriel, acusou os banqueiros de “chantagearem governos e Estados com a ameaça de uma bancarrota com efeito dominó”, de “cumplicidade com atividades criminosas”, como evasão de impostos e lavagem de dinheiro, e de “prejudicarem seus próprios clientes”. Mesmo os analistas que atribuem intenções populistas às críticas de Gabriel concordaram que os diretores das grandes corporações financeiras privadas causaram grandes prejuízos ao seu negócio e aos seus clientes. A lista de queixas é longa.
Nos Estados Unidos, o banco HSBC é acusado de lavar dinheiro de narcotraficantes latino-americanos e de organizações islâmicas supostamente envolvidas em atividades terroristas. Em um comunicado divulgado no dia 17, o HSBC assume sua responsabilidade: “Houve ocasiões em que o banco não pôde cumprir com os padrões que esperam os reguladores e os clientes. Reconhecemos estes erros, respondemos por nossas ações e nos comprometemos a solucionar o que não funcionou bem”.
O chamado escândalo Libor (acrônimo em inglês de taxa interbancária oferecida de Londres) deixou clara a conivência de numerosas instituições internacionais, entre elas Barclays, Citigroup, JPMorgan Chase, UBS, Deutsch Bank, HSBC, para falsificar informação sobre as taxas de juros interbancárias para que os bancos centrais fizessem o mesmo com as suas. A taxa Libor é uma referência para o mercado monetário, fixada pela Associação de Banqueiros Britânicos. O escândalo fez com que reguladores britânicos e norte-americanos impusessem ao Barclays uma multa sem precedentes de US$ 450 milhões, e levou à aposentadoria forçada de seu diretor, Bob Diamond.
Além disso, as instituições financeiras se viram envolvidas em uma grande confabulação de evasão fiscal. A independente Rede de Justiça Fiscal, que investiga a evasão de impostos internacional e o papel dos bancos nos paraísos fiscais, estima que cerca de US$ 11,5 trilhões de ativos estão guardados em cofres de segurança, o que faz com que os Estados deixem de arrecadar aproximadamente US$ 250 bilhões por ano.
Por sua vez, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) destaca que “a evasão e a fraude fiscal colocam em risco a arrecadação dos Estados”, e recorda que o Senado dos Estados Unidos estima uma perda de US$ 100 bilhões por ano com evasão fiscal cometida por pessoas e empresas nesse país. “Em muitas nações, as quantias chegam a milhares de milhões de euros”, afirma a OCDE. “Isto significa menos recursos para infraestrutura e serviços, como educação e saúde, e prejudica os padrões de vida em economias desenvolvidas e em desenvolvimento”, ressalta.
Os ativos estão em paraísos fiscais, como os territórios britânicos Ilha de Man, Guernsey e Gibraltar, e nas Ilhas Cayman e similares, embora também em instituições financeiras que operam em cidades como Londres e Nova York, e, ainda, em países como Suíça, Cingapura e Mônaco. Os crimes financeiros ocorrem quando os países do Norte industrializado atravessam uma grave crise de dívida soberana que deixou muito deles na bancarrota.
O problema teve origem, ou, pelo menos, se agravou, com a crise financeira de 2007, precisamente porque os bancos ficaram à beira da falência e tiveram de ser resgatados pelos Estados para evitar a queda do sistema financeiro. No entanto, a ajuda só fez aumentar e mover uma crise financeira cíclica, e agora bancos espanhóis, gregos e cipriotas pedem ajuda dos governos nacionais, que sacrificam seus cidadãos reduzindo o gasto com serviços públicos básicos como educação, saúde e infraestrutura.
Tudo isso se faz para que os mercados financeiros internacionais continuem operando quase sem regulação, enquanto os “banksters” se atribuem salários principescos e bônus elevados. No dia 18, o jornal Libération revelou que, em 2011, apenas quatro grandes bancos franceses pagaram aos seus diretores 1,1 bilhão de euros (mais de US$ 1,3 bilhão) em bônus. A situação levou alguns políticos a reclamarem novas regulações e novos controles para os mercados financeiros.
O ministro da Economia da França, Pierre Moscovici, lançou uma reforma do setor com o objetivo de separar os bancos comerciais das instituições financeiras e limitar os salários dos diretores. Gabriel, do PSD, pediu um teto de salário e de bônus e a responsabilidade pessoal de presidentes, diretores-gerais e gerentes de bancos quando as perdas são causadas por transações especulativas de alto risco.
Medidas semelhantes foram propostas pela Comissão Independente para os Bancos (ICB), criada em 2010 para reformar o setor e promover a competição e a estabilidade financeira. Contudo, as ideias não foram totalmente consideradas pelo novo plano do governo para reestruturar o mercado financeiro, anunciado no começo deste mês, que, de todo modo, não será implantado antes de 2019.
De fato, a maioria das medidas discutidas na Alemanha, França e Grã-Bretanha está incluída no acordo da Basileia III, último pacto normativo internacional para reforçar e regular a estabilidade e a solvência do setor financeiro. A nova normativa do Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, ainda em discussão, será aplicada passo a passo a partir de 2013 com vistas à sua total implantação em 2019.
Economistas independentes afirmam que a demora em fixar novos controles a um setor obviamente corrupto prova a falta de vontade política dos governos para chegar à raiz do problema. Segundo o economista francês Paul Jorion, “após cinco anos da pior crise financeira da história, todas as tentativas de regular os bancos e os fundos são letra morta”. Por outro lado, “a União Europeia e os governos continuam desregulando e deixando seus próprios cidadãos na miséria total”.
Fonte: Envolverde

Os chocantes números da agressão aos homossexuais


Nova pesquisa de Centro de Referência em DST/Aids sugere: um em cada seis sofreu agressão sexual ou física; maioria já foi molestada verbalmente

Por Elaine Patricia Cruz

Uma pesquisa feita pelo Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, em São Paulo, mostrou que 70% dos homossexuais entrevistados já sofreram algum tipo de agressão. O levantamento, divulgada hoje (26) pela Secretaria Estadual de Saúde, ouviu 1.217 pessoas com mais de 18 anos, residentes em São Paulo e que tiveram alguma relação homossexual.
Do total de entrevistados que disseram ter sofrido algum tipo de agressão, 62% foram verbais, 15% físicas e 6% agressões sexuais. Também houve relatos de ameaças, chantagem, extorsão e até de constrangimento no ambiente de trabalho. A pesquisa também apontou que, das 776 pessoas que concordaram em fazer o teste HIV, 16% apresentaram resultado positivo.
Paulo Roberto Teixeira, da coordenação do programa estadual DST/Aids, disse, em entrevista à Agência Brasil, que a pesquisa surpreendeu ao mostrar que jovens estão apresentando uma taxa de infecção por HIV que indica transmissão muito recente. “Isso é uma luz vermelha, um alerta, para que medidas novas sejam incorporadas [pelos governos]”, disse.
“O que nos chamou a atenção é que pessoas entre 18 e 19 anos apresentaram uma taxa de soropositividade de 5% e pessoas de 20 a 24 anos, uma taxa de 6,7%. É uma taxa muito alta porque os rapazes, em média, começaram a ter uma vida sexual ativa entre 15 e 16 anos, ou seja, estão se infectando muito rapidamente”, declarou.
Embora alguns dados apontados pela pesquisa ainda necessitem de melhor avaliação, Teixeira aponta que uma das razões para que a infecção atinja principalmente os jovens não se deve à falta de informação sobre as formas de prevenção. “O grau de informação dessa população é extremamente alto. Outro dado pesquisado mostra que a imensa maioria tem acesso a preservativos. Então, um dos componentes que devem ser considerados, sem a menor sombra de dúvida, é a discriminação, o estigma e a repressão à sexualidade”, disse.
Segundo Teixeira, o que ocorre é que a violência a que podem ser submetidos levam muitos homossexuais a esconder suas relações sexuais. “Um jovem de 17 anos que tem uma orientação homossexual não pode organizar sua vida afetiva da mesma maneira que um jovem heterossexual. Qualquer suspeita de que vá ter um encontro com uma pessoa do mesmo sexo, ele poderá ser discriminado. Então, na maioria das vezes, o sexo termina sendo furtivo, em situações onde não é possível tomar todos os cuidados necessários, tal como usar um preservativo ou conversar com o parceiro”, explicou.
Para Teixeira, a pesquisa demonstrou que as instituições públicas e governamentais precisam trabalhar ainda mais para que a violência contra os homossexuais e os casos de aids diminuam. Ele também defende que haja leis para impedir a violência contra os homossexuais. “Precisamos também que esses jovens e adolescentes possam não ser reprimidos no cotidiano por sua orientação sexual e que tenham, por exemplo, um acesso sem barreiras aos serviços de saúde e aos serviços de apoio”, declarou. Ele também defendeu que o sexo seguro, com uso de preservativo, ainda é uma das melhores formas para se evitar a contaminação.

O retorno dos filósofos comunistas


“O comunismo, como ideário antiestatizante das oportunidades realmente iguais para todos, é hoje a melhor hipótese, ideia e guia para os movimentos políticoslibertários antipoder”. O comentário é de Santiago Zabala, pesquisador e professor de filosofia da Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados ICREA[1], da Universidade de Barcelona em artigo publicado pelo sítio Outras Palavras, 30-07-2012.
Eis o artigo.
Ler Marx e escrever sobre Marx não faz de ninguém comunista, mas a evidência de que tantos importantes filósofos estão reavaliando as ideias de Marx com certeza significa alguma coisa. Depois da crise econômica global que começou no outono [nórdico] de 2008, voltaram a aparecer nas livrarias novas edições de textos de Marx, além de introduções, biografias e novas interpretações do mestre alemão.
Por mais que essa ressurreição [2] tenha sido provocada pelo derretimento financeiro global, para o qual não faltou a empenhada colaboração de governos democráticos na Europa e nos EUA, esse ressurgimento [3] de Marx entre os filósofos não é consequência nem simples nem óbvia, como creem alguns. Afinal, já no início dos anos 1990s, Jacques Derrida [4], importante filósofo francês, previu que o mundo procuraria Marx novamente. A previsão certeira apareceu na resposta que Derrida escreveu a uma autoproclamada “vitória neoliberal” e ao “fim da história” inventados por Francis Fukuyama.
Contra as previsões de Fukuyama, o movimento Occupy e a Primavera Árabe demonstraram que a história já caminha por novos tempos e vias, indiferente aos paradigmas econômicos e geopolíticos sob os quais vivemos. Vários importantes pensadores comunistas (Judith Balso, Bruno Bosteels, Susan Buck-Mors, Jodi Dean, Terry Eagleton, Jean-Luc Nancy, Jacques Rancière, dentre outros), dos quais Slavoj Zizek é o que mais aparece, já operam para ver e mostrar como esses novos tempos são descritos em termos comunistas, quer dizer, como alternativa radical.
O movimento acontece não só em conferências de repercussão planetária em Londres [5], Paris [6], Berlin [7] e New York [8] (com participação de milhares de professores, alunos e ativistas) mas também na edição de livros que se convertem em best-sellers globais como Império [9] de Toni Negri e Michael Hardt, A Hipótese Comunista [10] de Alain Badiou e Ecce Comu [11] de Gianni Vattimo, dentre outros. Embora nem todos esses filósofos apresentem-se como comunistas – não, com certeza, como o mesmo tipo de comunista –, a evidência de que o pensamento comunista está no centro de seu trabalho intelectual autoriza a perguntar por que há hoje tantos filósofos comunistas tão ativos.

A ressurgência do marxismo
Evidentemente, nessas conferências e nesses livros, o comunismo não é proposto como programa para partidos políticos, para que reproduzam regimes historicamente superados; é proposto como resposta existencial à atual catástrofe neoliberal global. A correlação entre existência e filosofia é constitutiva, não só da maioria das tradições filosóficas, mas também das tradições políticas, no que tenham a ver com a responsabilidade sobre o bem-estar existencial dos seres humanos. Afinal, a política não é apenas instrumento posto a serviço da vida burocrática diária dos governos. Mais importante do que isso, a política existe para oferecer guia confiável rumo a uma existência mais plena. Mas quando essa e outras obrigações da política deixam de ser cumpridas pelos políticos profissionais, os filósofos tendem a tornar-se mais existenciais, vale dizer, tendem a questionar a realidade e a propor alternativas.
Foi o que aconteceu no início do século 20, quando Oswald Spengler, Karl Popper e outros filósofos começaram a chamar a atenção para os perigos da racionalização cega de todos os campos da atividade humana e de uma industrialização sem limites em todo o planeta. Mas a política, em vez de resistir à industrialização do homem e da vida humana, limitou-se a seguir uma mesma lógica industrial. As consequências foram devastadoras, como todos já sabemos.
Hoje, as coisas não são essencialmente diferentes, se se consideram os efeitos igualmente calamitosos do neoliberalismo. Apesar do discurso triunfalista do neoliberalismo, a crise das finanças globais neoliberais do início do século 21 serviu para mostrar que nunca as diferenças de bem-estar material foram maiores ou mais claras que hoje: 25 milhões de pessoas passam a viver, a cada ano, em favelas urbanas; e a devastação dos recursos naturais do planeta já provoca efeitos assustadores em todo o mundo, tão devastadores que, em alguns casos, já não há remédio possível.
Por isso tudo, relatório recente do ministério da Defesa da Grã-Bretanha [12] previa, além de uma ressurgência de “ideologias anticapitalistas, possivelmente associadas movimentos religiosos, anarquistas ou nihilistas, também movimentos associados ao populismo; além do renascimento do marxismo”. Essa ressurgência do marxismo é consequência direta da aniquilação das condições de existência humana resultantes do capitalismo neoliberal como o conhecemos.

O que é “comunismo”?
Por mais que a palavra “comunista” tenha adquirido inumeráveis significados distintos, ao longo da história, na opinião pública atual ela significa uma relíquia do passado e é associada a um sistema político cujos componentes culturais, sociais e econômicos são todos controlados pelo estado.
Por mais que talvez seja o caso na China, Vietnã ou Coreia do Norte, para a maioria dos filósofos e pensadores contemporâneos esse significado é insuficiente, está superado, é efeito de propaganda maciça e, sobretudo, é diariamente desmentido pela evidência de que o mundo não estaria vivendo uma “ressurgência” do marxismo, se o comunismo marxista fosse apenas isso.
Como diz Zizek, o comunismo de estado não funcionou, não por fracasso do comunismo, mas por causa do fracasso das políticas antiestatizantes: porque não se conseguiu quebrar as limitações que o estado impôs ao comunismo, porque não se substituíram as formas de organização do estado por forma ‘diretas’ não representativas de auto-organização social.”
O comunismo, como ideário antiestatizante das oportunidades realmente iguais para todos, é hoje a melhor hipótese, ideia e guia para os movimentos políticos libertários antipoder, como os que nasceram dos protestos em Seattle (1999), Cochabamba (2000) e Barcelona (2011).
Por mais que esses movimentos lutem em nome de causas e valores específicos e diferentes entre si (contra a globalização econômica desigualitária, contra a privatização da água, contra políticas financeiras danosas), todos lutam contra o mesmo adversário: o sistema de distribuição não igualitária da propriedade, em democracias organizadas pelos princípios impositivos do capitalismo.
Como o demonstram a pobreza sempre crescente e o inchaço das favelas, este modelo deixou para trás todos os que não foram “bem-sucedidos” segundo suas regras, produzindo novos comunistas.

Comunismo e democracia

Em resumo, enquanto Negri e Hardt [13] buscam no “comum” (quer dizer, nos modos pelos quais a propriedade pública imaterial pode ser propriedade dos muitos), e Badiou busca nas insurreições (em ações como a da Comuna de Paris) [14], a possibilidade de se alcançarem “formas de auto-organização” não estatais, quer dizer, a possibilidade de formas comunistas, Vattimo (e eu) [15] sugerimos que todos examinemos os novos líderes democraticamente eleitos na Venezuela, Bolívia e outros países latino-americanos. [16]
Se esses líderes conseguiram chegar ao governo e começar a construir políticas comunistas sem insurreições violentas, não foi por terem chegado ao mundo político armados por fortes conteúdos teóricos ou programáticos; mas por suas fraquezas.
Diferente da agenda pregada pelo “socialismo científico”, o comunismo “fraco” (também chamado “hermenêutico” [17]) abraçou não só a causa ecológica [18] do de-crescimento, mas também a causa da decentralização do sistema burocrático estatal, de modo a permitir que se constituam conselhos independentes locais, que estimulam o envolvimento das comunidades.
Que ninguém se surpreenda se muitos outros filósofos, atraídos para o comunismo pelas ações e políticas de destruição da vida do neoliberalismo, também vislumbrarem a alternativa [19] que se constrói na América Latina. Especialmente, porque as nações latino-americanas demonstraram que os comunistas podem ter acesso ao poder também pelas vias formais da democracia.
Notas:
[1] http://www.icrea.cat/Web/Links.aspx
[2] http://50.56.48.50/article/new-communism-resurrecting-utopian-delusion
[3] http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/oct/08/communism-university-workplace-occupations?INTCMP=ILCNETTXT3487
[4] www. routledge. com/ books/ details/ 9780415389570/
[5] http://www.guardian.co.uk/uk/2009/mar/12/philosophy
[6] http://marxau21.blogspot.com.es/2009/12/puissances-du-communisme.html
[7] http://www.volksbuehne-berlin.de/praxis/en/idee_des_kommunismus__philosophie _und_kunst/?id_datum=2533
[8] http://www.versobooks.com/blogs/706
[9] Império, 2005, Rio de Janeiro: Ed. Record, 501 p.
[10] A hipótese comunista, 2012, São Paulo: Boitempo Editorial, 152 p.
[11] http://www.fazieditore.it/Libro.aspx?id=572
[12] http://thenewalexandrialibrary.com/trends.html
[13] http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/feb/03/communism-capitalism-socialism-property
[14] http://www.lacan.com/baddiscipline.html
[15] http://www.cup.columbia.edu/book/978-0-231-15802-2/hermeneutic-communism
[16] http://southoftheborderdoc.com/
[17] Hermenêutico: adj. Relativo à interpretação dos textos, do sentido das palavras. (…) 3) Rubrica: semiologia. Teoria, ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico. Obs.: cf. semiologia  4) Rubrica: termo jurídico. Conjunto de regras e princípios us. na interpretação do texto legal (…). Etimologia: gr. herméneutikê (sc. tékhné) ‘arte de interpretar’ < herméneutikós,ê,ón ’relativo a interpretação, próprio para fazer compreender’ [NTs, com verbete do Dicionário Houaiss, emhttp://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=hermen%EAutica&cod=101764]
[18] http://therightsofnature.org/bolivia-experience/
[19] http://www.thenation.com/article/muscling-latin-america
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511955-o-retorno-dos-filosofos-comunistas

Fonte: Fórum Realidade

Planos de saúde e as campanhas eleitorais: “doação” de R$ 12 milhões nas últimas eleições

A campanha de Dilma recebeu um milhão de reais da Qualicorp.
 Foto: Divulgação Brasil de Fato

Empresas ajudaram a aumentar de 28 para 38 o número de deputados federais da bancada da saúde suplementar.

Estudo aponta que medicina privada tem aumentado seu apoio a candidatos e partidos; muitos de seus interesses já foram contemplados.

Por Patrícia Benvenuti
no Brasil de Fato
Os planos de saúde marcaram presença no financiamento de campanhas da última disputa eleitoral. Em 2010, o setor foi responsável pela doação de R$ 12 milhões para 157 candidatos de 19 partidos.
A participação das operadoras em 2010 foi mais expressiva do que nas eleições de 2006, quando as empresas do setor repassaram R$ 8,6 milhões; um acréscimo de 37,2%. Em relação às eleições de 2002, quando essas empresas destinaram R$ 1,3 milhão, o aumento foi de 746,5%.
Os dados fazem parte do estudo Representação política e interesses particulares na saúde: o caso do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas de planos de saúde no Brasil, dos pesquisadores Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e Lígia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os eleitos
De acordo com o levantamento, feito a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o gasto ajudou as empresas do setor a ampliarem seu espaço político em todas as esferas de governo. O apoio financeiro de 48 operadoras contribuiu para aumentar de 28 para 38 o número de deputados federais da chamada bancada da saúde suplementar. Foram eleitos também 26 deputados estaduais aliados ao setor em todo o país.
No Senado, os recursos ajudaram a eleger Ana Amélia (PP-RS), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO), que teve o mandato cassado recentemente. Quatro governadores estaduais também foram eleitos com a ajuda dos planos de saúde. Os mais favorecidos foram Geraldo Alckmin (PSDB-SP), R$ 400 mil, e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), R$ 170 mil. Em seguida aparecem Wilson Martins (PSB-PI) e Agnelo Queiroz (PT-DF), favorecidos com R$ 1,5 mil e R$ 1 mil.
Os dois principais candidatos à presidência da República também receberam financiamento do setor. A Qualicorp Corretora de Seguros doou R$ 1 milhão para a campanha da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e a metade deste valor, R$ 500 mil, para a campanha do candidato José Serra (PSDB). O atual presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula e fiscaliza os planos, Mauricio Ceschin, foi presidente do Grupo Qualicorp até fevereiro de 2009.
Dentre os partidos, a maior fatia de recursos para candidatos (eleitos ou não) foi para o PMDB, com 28,94% dos recursos, seguido de PSDB (18,16%) e PT (14,05%).
O estudo chama a atenção, ainda, para casos concretos de interesses de planos de saúde que já foram contemplados dentro das Casas legislativas. E dá um exemplo recente. Em 2010, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou lei que destina até 25% dos leitos de hospitais públicos administrados por Organizações Sociais de Saúde (OSS) para o atendimento de usuários de planos de saúde. Posteriormente, a medida foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), atendendo a ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual.
O estudo pode ser acessado no endereço: http://www.cebes.org.br/media/File/Planos_de_Saude_Eleicoes.pdf.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Dívida líquida pública sobe a 35,1% do PIB em agosto

Charge:  paraiba.com.br

Por Célia Froufe e Eduardo Cucolo

BC reduz projeção de crescimento do PIB de 2,5% para 1,6%

A dívida líquida do setor público consolidado subiu de 35% em julho para 35,1% em agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira. A dívida do governo central, governos regionais e empresas estatais terminou o mês passado em R$ 1,522 trilhão.
Na comparação com dezembro de 2011, a dívida líquida apresenta uma redução de 1,3 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o BC, o superávit primário no período contribuiu para essa diminuição com 1,7 ponto porcentual do PIB, enquanto o crescimento do PIB corrente ajudou a diminuir o endividamento em 1,6 ponto porcentual.
A desvalorização cambial, de 8,6% no acumulado de 2012 até agosto, ajudou em 1,3 ponto porcentual para a queda na relação dívida/PIB. Em sentido contrário, a apropriação de juros elevou o endividamento em 3,4 pontos porcentuais do PIB, no mesmo período.
O BC informou ainda que a dívida bruta do governo geral registrou leve queda de julho (57,6% do PIB) para agosto (57,5% do PIB). A dívida bruta encerrou o mês passado em R$ 2,49 trilhões.

Gasto público
O gasto consolidado do setor público com juros em agosto somou R$ 19,118 bilhões, alta em relação ao gasto de julho, de R$ 17,435 bilhões, e queda na comparação com o registrado em agosto de 2011, que foi de R$ 21,663 bilhões.
O governo central teve no mês passado um gasto com juros de R$ 9,303 bilhões. Os governos regionais gastaram R$ 9,672 bilhões. Já as empresas estatais tiveram gastos de R$ 143 milhões.
No acumulado do ano, o gasto com juros consolidado do setor público somou R$ 147,580 bilhões, que correspondem a 5,09% do PIB. Nos 12 meses encerrados em agosto deste ano, o gasto com juros soma R$ 224,046 bilhões, ou 5,17% do PIB.
Segundo o BC, o gasto com juros no ano está 0,82 ponto porcentual do PIB abaixo do verificado no mesmo período de 2011. A queda foi influenciada pela redução da taxa Selic e pela variação menor do IPCA acumulado no ano.

Déficit nominal
O setor público consolidado registrou déficit nominal de R$ 16,121 bilhões no mês de agosto, resultado acima dos R$ 11,866 bilhões verificados em julho. Mas na comparação com agosto de 2011, quando o déficit ficou em R$ 17,101 bilhões, houve queda.
No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de R$ 8,130 bilhões. Já os governos regionais tiveram um resultado negativo de R$ 8,189 bilhões. As empresas estatais tiveram superávit nominal de R$ 198 milhões no mês passado.
No acumulado do ano até agosto, o déficit nominal do setor público consolidado soma R$ 73,355 bilhões, que correspondem a 2,52% do PIB. Em 12 meses encerrados em agosto deste ano, o déficit nominal soma R$ 117,651 bilhões, valor que corresponde e 2,72% do PIB.
Fonte: Br.notícias

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Novo comandante da Rota participou do Massacre do Carandiru

Foto:  anovademocracia.com.br

Nivaldo Cesar Restivo não foi acusado de ter praticado homicídio, mas de lesão corporal grave
Bruno Paes Manso,
Diego Zanchetta
 e Marcelo Godoy

SÃO PAULO - O novo comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Nivaldo Cesar Restivo, foi denunciado por participação no espancamento de 87 presos na operação de rescaldo, logo após o Massacre na Casa de Detenção do Carandiru. Restivo aparece ao lado de outros 119 PMs que foram denunciados pela morte de 111 presos na Casa de Detenção, no dia 2 de outubro de 1992.
Ele era 1º tenente do 2º Batalhão de Choque. O 2° Batalhão de Choque não participou da invasão do Carandiru. Atuou em um segundo momento, no chamado rescaldo, quando policiais fizeram um corredor polonês para espancar os presos que estavam rendidos. Segundo o Ministério Público, os oficiais tinham o dever de conter o espancamento causado pelos praças. Foram usados golpes de cassetetes, canos de ferro, coronhadas de revólver e pontapés. Alguns foram feridos por facas,estiletes e baionetas e por mordidas de cachorro. Como os oficiais, de acordo com o MPE, foram omissos, eles foram denunciados.
Os promotores apuraram ainda que os oficiais tiraram as insígnias e a identificação dos uniformes, demonstrando "a prévia intenção criminosa".
Segundo a denúncia, durante a invasão, Restivo usava um revólver da marca Taurus, calibre 38, e uma metralhadora Beretta. O novo comandante da Rota, contudo, não foi acusado de ter praticado homicídio, mas foi acusado de lesão corporal grave. Entre os integrantes do 2º Batalhão de Choque, segundo a denúncia, os revólveres foram usados para dar coronhadas nos presos. Restivo é homem de confiança do secretário de segurança do Estado, Antonio Ferreira Pinto.
Restino substituiu o tenente-coronel Salvador Madia, que também foi denunciado na ação penal do massacre do Carandiru, que completa 20 anos no dia 2 de outubro. Madia é acusado de estar presente no 3º Pavimento do Pavilhão 9, onde foram assassinados 73 presos. Ele deixou a função depois de o número de mortos pela Rota ter crescido 45% nos primeiros cinco meses deste ano em relação a igual período de 2011.
No último dia 12, suposto confronto entre policiais da Rota e suspeitos de integrarem a facção criminosa PCC resultou em nove mortes numa ação em Várzea Paulista.

Marxismo e Educação


 
Programa "Diálogo sem fronteira", da RTV Unicamp, exibe importante entrevista sobre Marxismo e Educação, com o Prof. José Claudinei Lombardi. 
Entrevistador: Prof. Pedro Paulo Funari.

Primeiro turno: PT deve perder terreno para aliados e rivais


Por Bruno Huberman
O senador Humberto Costa está em queda livre nas eleições no Recife (Foto: divulgação)
O PT deve sair com menor do que entrou nas eleições municipais deste ano. É o que mostram, até o momento, as pesquisas de intenção de voto. Das 26 capitais do país, o partido comanda atualmente seis – mais do que qualquer outra sigla. PDT, PSB, PMDB e PTB tem três capitais cada. No atual pleito, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, que concorre à reeleição, é o único petista franco favorito, podendo, inclusive, ganhar no primeiro turno. As amostras dos institutos de pesquisa denotam, por outro lado, um crescimento do rival PSDB e do aliado PSB em cidades-chave do país.
O PT e o PSB romperam em duas das principais capitais do Brasil, Belo Horizonte e Recife, e em ambas o concorrente petista aparece preterido pelo adversário socialista nas pesquisas. Apesar dos investimentos milionários e da onipresença do ex-presidente Lula em comícios e propagandas eleitorais, o partido não tem conseguido reverter as situações desfavoráveis de seus pleiteantes. As candidaturas de Patrus Ananias, em BH, e de Humberto Costa, em Recife, tornaram-se vitais para o partido por diferentes motivos, mas mostram as mesmas dificuldades em decolar.
O prefeito de BH, Marcio Lacerda
manteve a força após romper o PT. (Foto: divulgação)
Em BH, os petistas quebraram uma aliança feita em 2008 com o PSB e o PSDB que elegeu Marcio Lacerda (PSB), líder folgado nas amostras de intenção de voto na capital mineira neste ano. A candidatura de Patrus não tem conseguido sequer encostar em Lacerda nas pesquisas, que tem o apoio do senador Aécio Neves (PSDB). O atual prefeito conta com uma aprovação recorde e demonstra grande chance de sair vitorioso ainda no primeiro turno.
Em Recife, o partido enfrentou problemas nas prévias no início de ano. O prefeito João da Costa (PT), que queria concorrer à reeleição, foi barrado pela direção nacional do partido por causa de sua rejeição. O nome do senador Humberto Costa foi imposto pelo próprio Lula como uma solução para as intrigas internas. De franco favorito, Costa despencou para terceiro colocado nas pesquisas, sendo ultrapassado pelo candidato do governador Eduardo Campos (PSB), Geraldo Júlio (PSB), e pelo concorrente do PSDB, Daniel Coelho.
Na maior cidade do país, São Paulo, PT e PSB quase sairam separados, pois os socialistas paulistas são próximos dos tucanos no estado, mas por pressão de Lula a aliança foi firmada em torno de Fernando Haddad (PT). A polarização na cidade entre PT e PSDB, representado pelo ex-governador José Serra, contudo, foi furada pelo candidato do PRB, Celso Russomanno, que lidera com folga as pesquisas. Agora, petistas e tucanos disputam um lugar no segundo turno ponto a ponto, com leve vantagem para Haddad segundo o último levantamento do instituto Ibope.
A eleição para prefeito de Fortaleza é uma das mais imprevisíveis do país. Em recente pesquisa Vox Populi, Roberto Cláudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT) apareceram empatados na liderança. Moroni Torgan (DEM), que encabeçava todas as consultas até então, agora aparece em terceiro. Os dois cresceram nas amostras graças ao apoio de figuras proeminentes no município: Cláudio é apoiado pela prefeita Luizianne Lins (PT) e Elmano é o candidato do governador Cid Gomes (PSB), irmão do ex-ministro Ciro Gomes (PSB).
Em Curitiba, onde PSB e PSDB estão juntos pela reeleição de Luciano Ducci (PSB), quem surpreende é Ratinho Junior (PSC). O filho do apresentador do SBT aparece em primeiro em todos os levantamentos dos institutos de pesquisa. O PT, neste caso, preferiu sustentar um apoio a Gustavo Fruet (PDT), que tem ficado para trás nas amostras e não demonstra forças de conseguir uma vaga no segundo turno.
Em Salvador, Nelson Pelegrino (PT), candidato do governador Jaques Wagner (PT), conta com uma coligação formada por 15 partidos, mas poder de fogo insuficiente para superar a tradição do favorito ACM Neto (DEM), herdeiro político de Antônio Carlos Magalhães. O democrata vem dando sinais de ser capaz de levar a disputa ainda no primeiro turno. Pelegrino e Neto, por sinal, protagonizam uma das disputadas mais rasteiras do país, com acusações descabidas e ações na Justiça vindas de ambos os lados.
Na capital do Rio Grande do Sul, tradicional reduto petista, Manuela D’Avila (PCdoB), que de início aparecia como favorita sobre o prefeito José Fortunati (PDT), que tenta a reeleição, vem decaindo a cada rodada e já há grandes chances da disputa ser resolvida ainda no primeiro turno. O petista Adão Villaverde, apoiado pelo governador Tarso Genro (PT), que vem crescendo nas pesquisas, dá sinais de que pode surpreender.
Já a capital fluminense tem o quadro mais bem definido. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), encabeça a chapa com a maior coligação do país, formada por 20 siglas – entre elas o PT –, e detentor de uma aprovação recorde, tenta evitar uma ida ao segundo turno com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Um declínio do PT no número de prefeituras pode significar uma mudança do cenário para 2014. Além de servirem de palanques para candidatos a presidente e a governador, as prefeituras influenciam de maneira determinante na formação do Congresso. O apoio de um prefeito pode ser decisivo para a eleição de um deputado ou de um senador – esta influência pode aumentar ainda mais caso a reforma política aprove o voto distrital. O bom desempenho do PT em 2008 foi determinante para a formação da maior bancada da Câmara e a segunda maior do Senado em 2010.
Fonte: Br.notícias

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Governo estuda flexibilizar leis trabalhistas

Charge:  pstuminas.blogspot.com

Projeto permite que os salários e a jornada de trabalho sejam reduzidos de forma temporária em caso de dificuldades econômicas

Lu Aiko Otta e João Villaverde

BRASÍLIA - Como parte da agenda para aumentar a competitividade da economia, a presidente Dilma Rousseff ensaia entrar num terreno pantanoso para um governo do PT: a flexibilização das normas trabalhistas. A Casa Civil analisa proposta de projeto de lei pelo qual trabalhadores e empresas poderão firmar acordos com normas diferentes das atuais, baseadas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em vigor há 69 anos.
Na prática, o projeto permite que os salários e a jornada de trabalho sejam reduzidos de forma temporária em caso de dificuldades econômicas. Ele abre caminho também para a utilização mais ampla do banco de horas, pelo qual os trabalhadores cumprem horas extras sem receber adicional, e compensam o tempo trabalhado a mais com folgas.
Os acordos entre empregados e empresas seriam firmados por meio do Comitê Sindical de Empresa (CSE), segundo prevê o projeto de lei. As normas à margem da CLT comporiam um acordo coletivo de trabalho.
Empresas que concordarem em reconhecer no CSE seu interlocutor e os sindicatos que aceitarem transferir ao comitê o poder sindical terão de obter uma certificação do governo.
O papel dos sindicatos, nesse sistema, seria o de atuar nas empresas que optarem por continuar sob o "modelo CLT". Eles também selariam com as entidades patronais as convenções coletivas - por meio das quais empregados e patrões definem, anualmente, aumentos salariais. Todos os membros do CSE terão de ser sindicalizados.
A proposta em análise foi elaborada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, baseada no modelo alemão. O texto foi entregue ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Recentemente, a Casa Civil, que auxilia Dilma na elaboração de normas legais, pediu para analisar o projeto.
Ainda não está certo se o governo adotará o projeto como seu e o enviará ao Congresso. A presidente costuma pedir análises detalhadas dos projetos que considera interessantes, para depois decidir se os levará adiante ou não. Para colher mais subsídios, um grupo deverá ir à Alemanha nas próximas semanas.
Na Alemanha, boa parte da indústria e dos sindicatos concordaram em reduzir a jornada de trabalho e os salários, em caráter excepcional e com prazo de validade, para permitir que a economia atravessasse a crise sem falências ou demissões. "Formaram um pacto nacional, que só foi possível do ponto de vista legal porque as leis lá são flexíveis", diz uma fonte graduada da equipe econômica do governo.
O projeto é visto com simpatia no Palácio do Planalto e, principalmente, no Ministério da Fazenda. Chegou a ser citado pelo secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, em palestra na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, como parte da agenda do governo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 2012 | 21h 54

América Latina em movimento


O que temos é uma vasta condição de ampliação da exploração em todo continente latino

Roberta Traspadini*
24/09/2012

América Latina segue um território prioritário para a expansão do capital em sua era de barbárie social extrema.
Após mais de 500 anos de espoliação, nosso continente ainda possui enormes recursos naturais a serem expropriados e uma população de quase 300 milhões apta a ser superexplorada pelo capital e prontos para consumir mercadorias.
Este é o resultado contraditório da histórica luta pela liberdade refugiada, na aparente igualdade burguesa.
O centro do desenvolvimento desigual e combinado traz uma análise sobre nossa América em seu movimento permanente de dependência estrutural.

Um panorama demográfico social
O anuário estatístico 2011 da CEPAL mostra que nossa América está estruturada na seguinte perspectiva: dos quase 597 milhões de pessoas, 277 milhões (163 milhões de homens e 133 milhões de mulheres) compõem o exército formal de trabalhadores aptos a serem explorados pelo capital no continente. A taxa de desemprego é de 7,1%.
Existem aproximadamente 50 milhões de pessoas com mais de 15 anos sem saber ler e escrever ( 8% da população); 62% têm de 15 a 49 anos de idade e a população urbana é de 81,2%.
Outro documento, Panorama social da América Latina, relata que nosso continente possui 73 milhões de indigentes e 174 milhões de pobres não indigentes. Somados, temos 247 milhões de pessoas que vivem em condições subumanas, configurando uma real barbárie social.
A relação, inversamente proporcional entre grandes empresas e números de empregados, mostra distintas formas de produção da intensa exploração da mão de obra no continente, como a diferença dos salários de homens e mulheres e a ampliação da desigualdade no interior de cada um dos gêneros.
As grandes empresas exportadoras geram 70% do PIB da região e empregam somente 19,8% do emprego total. As pequenas e médias empresas participam com 22,5% do produto e empregam 30% do total de trabalhadores formais. Já o setor informal, emprega quase 50% da mão de obra e aporta 10% no produto da região.
Na conformação contraditória entre uma América Latina com bons rendimentos salariais para uma pequena parte dos trabalhadores e péssimos rendimentos para a maioria dos que vivem da venda de sua força de trabalho, mulheres e jovens seguem visivelmente afetados na dinâmica de superexploração particular adotada no continente pelo capital.

Mulheres trabalhadoras latinas
A estratificação no interior do gênero e a desigualdade salarial entre as mulheres são impactantes.
Enquanto 82% das mulheres pertencentes ao grupo mais pobre da região trabalham em ramos de remuneração baixa, apenas 33% das mulheres do grupo de melhor situação social estão nesta condição.
Além da desigualdade de gênero no mercado laboral, a distância salarial entre as mulheres mais pobres e menos pobres também é central.
Quando a desigualdade da renda e do tipo de trabalho no interior do gênero feminino leva em consideração o tema dos filhos, a situação explicita a centralidade da desigualdade na estrutura do capital contra o trabalho no continente.
Mulheres com crianças de 0 a 5 anos tendem a estar no mercado informal, dada a situação real do cuidado centrado nos filhos, em comparação com as mulheres cujos filhos têm de 6 a 14 anos.
São estas trabalhadoras, mães de crianças pequenas, as mais impactadas com a vulnerabilidade do trabalho no continente, centrada na desigualdade de gênero e na ampliação da brecha no interior do trabalho feminino. A concentração do desemprego é 5 vezes maior para as mulheres de baixa renda, em comparação com as de mais alta renda.
Por um lado, o capital apresenta para parte da classe trabalhadora uma inserção no mercado de trabalho em condições desiguais na sua própria constituição e intensifica a centralidade desta desigualdade no interior da classe.
Por outro lado, os Estados nacionais de parte expressiva dos países da região empurram, via privatização dos direitos, parte expressiva das mulheres latinas que compõem a classe trabalhadora para uma situação cada vez mais perversa sobre seu ser e viver.
Os sentidos de pertença do trabalho e do viver da mulher da classe trabalhadora latina perdem espaço real na gigantesca dinâmica de morte em vida instituída pelo capital. É a aparente vitória incontestável de um único horizonte possível de inserção laboral, em que ser mulher se resume a ser sujeitada ao projeto de desenvolvimento desigual. Pífia razão desordenada burguesa!
Esse panorama reforça o estado de alerta em nossa América. Mais do que o fim da desigualdade como o centro da dinâmica do capital sobre e contra o trabalho, o que temos é uma vasta condição de ampliação da exploração em todo continente latino. A centralidade é a da apropriação privada de recursos naturais que deveriam ser bem comum, combinada com a espoliação da classe trabalhadora.
Esse tema, somado à discrepância entre a vida no campo e a vida na cidade, à centralidade da juventude no mundo do trabalho e no universo de precarização da educação e à retomada da condição primário exportadora dos países economicamente mais fortes do continente, joga um peso central na política de enfrentamento e de projeção de um projeto popular latino-americano, como alternativa real à continuidade da integração do capital contra os trabalhadores no continente.
Seguiremos...
*Economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular/ES